Hoje, dia 31 de agosto, comemoramos o Dia do Nutricionista. E com isso, vocês ganham a minha presença (nem tão) ilustre aqui no quadro de novos redatores do Deviante. Aceito presentes pela data, por isso no final do texto deixarei minha caixa postal, ok?
Agora, que já brinquei de ser blogueira, vamos voltar ao foco.
Comemoramos nessa data, pois foi quando se criou no Brasil a Associação Brasileira de Nutricionistas, no ano de 1949. Posteriormente passando a ser nomeada como Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN). É uma ciência consideravelmente nova, mas que vem se destacando cada vez mais, devido ao fato de ser uma das áreas de maior crescimento nos últimos anos.
Hoje, somos mais de 120 mil profissionais pelo país, levantando a bandeira da saúde. Uma saúde cada vez mais baseada em prevenção e não apenas em tratamento. A possível atuação do nutricionista na vida de um indivíduo pode começar desde a concepção, atravessando inúmeras fases de desenvolvimento, até o cuidado com os idosos. E, ao contrário do que já se rotulou um dia, ser nutricionista está longe de apenas calcular e prescrever dietas. É claro que a base dessa profissão é a comida, mas englobando tudo o que ela representa para cada indivíduo, não só no âmbito nutricional, como no cultural, e também no social. Afinal, comer vai muito, muito além de se nutrir. É gostar. Sentir o cheiro, a textura. Desgostar. Tentar de novo. Redescobrir. É celebrar. É estar em família. É memória. Saudade. Quem nunca viu ou comeu um certo alimento e voltou (em pensamento) para a casa da vó, por exemplo?
E com esse leque de ambientes onde a comida nos leva, vem um leque de opções de áreas de atuação para o profissional de nutrição. Como por exemplo a área esportiva, estética, marketing, redes de fast food, academias, órgãos de inspeção de alimentos, consultoria, restaurantes, hotelarias, docência, saúde coletiva, etc.
E em homenagem ao dia do nutricionista, esse profissional tão famosinhonos dias de hoje, vamos listar aqui 3 dos “Grandes Mitos da Nutrição”. Vamos comigo nessa lista?
PRIMEIRÍSSIMO lugar, vai para um dos tipos de pergunta mais irritantes da nutrição:
“Água com limão emagrece?”
Não. Não e não. Ufa. Precisava desabafar esses “nãos” todos.
Mas de onde surgiu essa ideia? É que de fato aumentar o consumo de água vai melhorar o funcionamento do organismo como um todo. E só esse ponto já seria benéfico o suficiente para um indivíduo sentir uma melhora no corpo e na saúde. Quando se adiciona nessa água uma fruta tão rica em antioxidantes (que combatem os radicais livres) e baixa em carboidratos e calorias (por isso, de todas as frutas antioxidantes, ela é a mais indicada para se tomar com maior frequência ao longo do dia) podemos ter alguns benefícios interessantes. Porém tudo isso vai depender do contexto alimentar de cada pessoa. Por exemplo, se você toma 3 copos de refrigerantes por dia e troca por água com limão é beeeeem provável que você emagreça. Isso é por causa da mágica do limão na água? Não. É apenas você se livrando de todos os desequilíbrios que os copos de açúcares (vulgo, refri) te geravam.
E, sinto informar-lhes, mas a água com limão aqui é apenas um exemplo. Geralmente quando perguntam: “Tal coisa emagrece?”, a resposta é a mesma: depende do contexto alimentar, portanto, fica a dica!
O segundo lugar, é pra pergunta de lei:
“E o ovo? Daqui a pouco vai proibir de novo?”
Ok. Vamos lá. Devido à presença de alto teor de colesterol, os ovos foram, durante muito tempo, considerados “vilões”. Contudo, diversas pesquisas recentes têm evidenciado a associação entre o seu consumo e a melhora dos parâmetros lipídicos em doenças cardiovasculares e neurológicas.
Considerando os resultados de um estudo publicado na revista Lipids, o consumo de até 3 ovos por dia por 38 indivíduos saudáveis durante 4 semanas gerou um aumento significante dos níveis de HDL-colesterol (o famoso bom colesterol) e redução dos níveis de LDL-colesterol (que é o ruim).
O colesterol presente nos ovos participa da síntese de hormônios lipossolúveis, que requerem o colesterol como matéria-prima para sua formação, o que explica, em parte, o motivo pelo qual a ingestão de ovos não eleva os níveis de colesterol no sangue, pois grande parte é consumida no processo de produção hormonal.
O ovo tem inúmeras outras propriedades benéficas para o nosso organismo, pois ele é uma excelente fonte de importantes nutrientes: como proteínas de alto valor biológico (fornecendo todos os aminoácidos essenciais), vitaminas (riboflavina, vitamina E, vitamina B6, vitamina A, ácido fólico, colina, vitamina K, vitamina D e vitamina B12), minerais (zinco, cálcio, selênio, fósforo e ferro). Depois dessa enorme lista, acho que já podemos esquecer aquela velha história de que o ovo faz mal, não é mesmo?
E se você se pergunta: por que antes “fazia mal” e hoje não faz mais? É porque a ciência evolui. Novos estudos são feitos o tempo todo, e por isso não podemos deixar de acompanhar esse progresso.
Terceiro e último (por hoje):
“Nosso corpo não absorve mais de 20g de proteína por refeição”
Opa. Não é bem isso. O que grande parte dos estudos mostram é que, em média, o corpo não consegue utilizar uma quantidade muito superior à essa para sintetizar proteína. Então, a grande questão não seria na absorção, e sim na utilização. E proteína não é importante apenas para a síntese de massa magra. Ela está presente em inúmeros processos metabólicos.
Mas, falando em manutenção e ganho de massa, o que ainda vemos com os estudos recentes é que o ideal é que se consuma de 1,2g à 2,2g de proteína por quilo de peso. Já existem estudos com números superiores, mas seriam para estratégias bem específicas. Se pegarmos um valor dentro da média, de 1,8g/kg, e analisarmos em um homem de 90kg, por exemplo, estamos falando de 4 refeições diárias com 40g de proteínas. Ou seja, o dobro do que muitos pensam ser o limite.
Confesso, que existem tantos mitos por aí que adoraria ficar citando-os aqui. Mas vamos deixar para uma próxima oportunidade, afinal, quero ser convidada mais vezes pra escrever pra vocês!
E para mais informações como essa, além de dicas e receitas, siga o meu instagram @elisarlobo e o canal do YouTube Conversa Nutritiva
Referências:
ASBRAN- http://www.asbran.org.br/index.php
Conselho Federal de Nutricionistas- http://www.cfn.org.br/
The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 89, Issue 1, 1 January 2009, Pages 161-168.
Elisa Lobo. Apaixonada por nutrição (apesar de cansada de responder se “banana pode?”), radialista, e mãe de 2 (ou três se colocar o marido pra jogo).