Desde turtle, o 1º submarino do mundo criado durante a guerra civil americana (que falhou miseravelmente), até os gigantescos submarinos russo da classe Typhoon, que carregam a morte na forma de mísseis com múltiplas ogivas nucleares, os submarinos sempre foram temidos por qualquer embarcação, abaixou o acima d’água. Qualquer coisa que desse uma mínima vantagem na luta contra essa formidável máquina de levar vidas e aço para o fundo do mar era válida, e é neste contexto que surge a camuflagem dazzle, aquela pintura bizarra que, à primeira vista, ninguém acredita que irá funcionar.
O primeiro a enxergar todo potencial dos submarinos foi o engenheiro confederado Horace Lawson Hunley ainda durante a guerra de secessão americana, que ironicamente, foi morto pelo seu próprio submarino enquanto realizava teste. Durante os dois conflitos mundiais, os u-boat’s alemães foram o terror dos navios de superfície, militar ou não. Bloqueios a portos e ataques a marinha mercante eram a rotina destas embarcações furtivas. Com o advento do torpedo elétrico, nem o rastro de bolhas característico dos torpedos com motor a ar comprimido existia mais (os atuais torpedos criam bolhas mas por cavitação).
Esconder um navio no oceano não é tarefa fácil. Não me venha com o experimento Filadélfia, que isso é coisa para o Andrei no Mundo Freak. A solução encontrada foi confundir Fritz, o marinheiro alemão que estava com um olho no periscópio. Com a camuflagem, ele teria dificuldade em conseguir identificar se o alvo era um navio militar ou mercante, se estava indo ou vindo e se valeria a pena disparar um torpedo contra aquela coisa disforme que mais se parecia com uma zebra e em nada lembrava uma embarcação.
O responsável por este feito é Norman Wilkison, pai da camuflagem dazzle que assim a definiu:
“não servia para esconder os navios, mas para quebrar suas formas e confundir o oficial que estivesse observando-o pelo periscópio”
Ao se colocar no lugar do observador, Normam idealizou o sistema que se valia de bases do cubismo para quebrar as linhas, dificultando o reconhecimento do tipo, tamanho, velocidade e direção do navio. Existem 33 combinações de cores e traços da camuflagem Dazzle.
Norman Wilkinson, que era um pintor e ilustrador britânico, foi incorporado ao Ministério do Ar para colaborar na camuflagem das bases aéreas dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha após o fim da Segunda Guerra. Ainda hoje alguns países continuam a utilizar a camuflagem Dazzle em seus navios.
Não existe estudo estatístico sobre efetividade da camuflagem dazzle, mas em conjunto com o sonar e nova táticas de guerra anti-submarina, a guerra contra os u-boat’s alemães foi vencida pelos aliados e qualquer coisa que proporcionasse uma mínima vantagem era válida, mesmo que lembrasse uma zebra.
Fonte: https://invictus.ind.br/blog/2017/03/20/a-arte-de-desaparecer/