Tão perigoso e misterioso quanto entrar no fundo do mar, a Deep Web (Ou internet profunda) é um dos espaços onde as lendas da internet proliferam e os segredos obscuros permeiam suas diversas camadas. O grande fascínio que seus mais diversos relatos geram é um misto de receio e respeito ante à grandiosidade de seu conteúdo e às possíveis informações ocultas em cada canto ou link de seu repertório.

A Deep Web é um espaço na internet não alocado nas pesquisas do “google” ou outros mecanismos de busca; é onde se encontra a maior parte do conteúdo da internet, sendo estimada em 500 vezes o tamanho da internet visível ou surface web; por ter conteúdo dinâmico e uma certa criptografia em alguns casos, não é fácil encontrar o conteúdo. Mesmo com mecanismos de busca nativos da DW, ainda assim muita coisa é somente acessível pelo nome exato do site, que costuma conter vários caracteres aleatórios com a extensão .onion ou .i2p; alguns sites só se é possível entrar com uma severa mudança no hardware e com configurações bem específicas, tornando seu conteúdo ainda mais restrito.

A dificuldade para que um usuário comum entre nos sites da Deep Web torna seu conteúdo ainda mais misterioso. A porta de entrada padrão para a Deep Web é em geral através do navegador TOR, onde se tem um proxy que distribui a conexão e ajuda no anonimato, também triplica a encriptação e navega com um sistema operacional próprio, além de possibilitar a entrada em sites agregadores de link, como a Hidden Wiki e em sites com a extensão .onion.

Um dos maiores medos é a contaminação com vírus e o roubo de informações pessoais, mas na verdade grande parte disso depende daquilo que se baixa e dos sites que se visita. Existem muitos fóruns especializados na DW com conteúdos que vão desde comunidades hackers até grupos religiosos extremistas. Jornalistas e asilados políticos utilizam como ferramenta de comunicação os e-mails e/ou fóruns da DW para trocarem informações importantes e sigilosas. Diversos sites importantes surgiram na DW, sites como a WikiLeaks e a SilkRoad, que foram exemplos bem opostos de tudo que ela tem de bom e ruim.

Enquanto a WikiLeaks ajudou na divulgação das espionagens americanas em outros países, a SilkRoad (aliada ao Bitcoin) vendia drogas e armas que eram enviadas por correio aos compradores; muitos sites sensacionalistas insistem na existência de diversas bizarrices nesse lado obscuro da internet, mas encontrar esses sites é uma tarefa hercúlea e quase impossível, além do fato de que, mesmo que você esteja navegando ativamente na DW, nenhum site bizarro irá aparecer em uma pop-up na sua frente sem que você procure muito bem por isso. A DW é uma solução e um problema ao mesmo tempo, depende sempre de qual é o propósito ao se utilizá-la.

Em breve falarei mais dos impactos econômicos e políticos da Deep Web no Brasil. Sugiro, para quem quiser se aprofundar no tema, um filme sobre o fundador da Silk Road intitulado “Deep Web” e que se encontra no Netflix.

Importante lembrar para quem quiser se aventurar por lá: não baixem nada, não falem com ninguém e não se cadastrem em comunidades e/ou sites estranhos. Boa sorte….

WikiLeaks

SilkRoad

Navegador TOR


Vinícius Melo Aficionado por livros e tecnologia, programador hardcore, estudante de Relações Internacionais e aprendiz de poeta; amigo de tudo que me faz bem.