Caos
Há quase trinta anos, eu tive minha primeira experiência cuidando de peixinhos espada vermelhos (da família dos poecilídeos) sendo orientado por dois primos adolescentes, não tinha como dar certo, não é? Foi uma experiência marcante e frustrante que durou quase um ano.
Depois de vários anos, tinha vontade de voltar, mas sempre desistia da ideia.
Em 2024, decidi montar um novo aquário, algo simples e fácil de manter. Eu tentei me informar bastante, antes de recomeçar, acreditei nos manuais dos fabricantes, li alguns artigos na internet e vi alguns vídeos no YouTube, assim gostaria de relatar a primeira experiência, e os meus erros.
Primeiro “aquário”
Ganhei de surpresa do meu primo um casal de peixes espadas ou espadinhas. Naquele dia, recebi uma ligação da minha mãe dizendo que teria uma surpresa. Ao chegar em casa, vi dois peixes dentro de uma porcelana antiga nadando com um alevino (filhote de peixe). Horas depois, esse alevino iria “desaparecer”. Minha mãe estava muito surpresa, pois tinha visto vários deles ali.
Depois “alimentei” eles, fazendo uma casquinha de ração sobre a água. Fui orientado a trocar água quase todos os dias, coitado dos peixinhos. Depois de alguns dias, meu pai chegou com um aquário bem pequeno, creio que era uma beteira.
Na semana seguinte, fui numa loja que ficava “perto” da minha casa à pé, um pouco mais de 1 km. Cheguei em casa com um casal de molinésias padrão, uma molinésia balão e um ramo de elodea. Não lembro o que aconteceu com o casal de espadas ou de molinésias, mas o balão amanheceu morto no outro dia, mesmo seguindo procedimento correto de adaptação da época. Provavelmente, já estava enfraquecido ou foi o estresse do transporte demorado.
O aquário
Dois meses depois, meu pai chegou com um aquário bem maior, feito por um amigo vidraceiro, esse deveria ter uns 30 litros, lembro que dava um trabalho grande fazer a limpeza dele. Então passei a fazer a limpeza no final de semana (para sorte dos peixes), pois dava trabalho fazer isso diariamente em algo tão grande.
Coloquei mais elodeas, e fiz uma fauna com vários poecilídeos como guppys, espadas, e molinésias. Esses peixes “faziam” bastante sujeira, logo o fundo onde ficava o substrato ficava repleto de dejetos.
Alguns meses depois, minha mãe teve a ideia de trocar o substrato original por conchas do mar. Quando fomos à praia, nós pegamos dezenas delas, minha mãe as colocou para ferver, assim no final de semana seguinte, joguei fora o substrato substituindo por essas conchas.
Nas semanas seguintes, notei que alguns peixes estavam aparecendo com manchas brancas. Foi o começo do fim, mesmo aplicando uma medicação sob orientação, não resolveu, fui perdendo meus peixes até o aquário ficar totalmente vazio.
Ao perder tudo sem compreender a razão, acabei desistindo. Quando pensei no assunto, sempre imaginei se tinha algo nas conchas mesmo as “tratando” através da fervura da água.
Erros
Vou descrever os erros que aconteceram:
Meus primos eram muito jovens para saberem cuidar corretamente de um aquário. Hoje, é bem fácil encontrar vídeos com dicas na internet, vários textos, além de grupos no facebook ou outra rede social.
Obviamente, porcelana não é lugar de peixe, espaço minúsculo e estressante. Estranho os peixes não terem pulado dali, mais ainda a fêmea ter liberado os filhotes, deve ter sido o estresse. Como os poecilídeos não têm cuidado parental, os pais devem ter devorado esses filhotes que não tinham onde se esconder.
A quantidade de comida deve ser adaptada para cada espécie e quantidade de peixes no aquário, pode ser dividida em duas ou três por dia, não existe um consenso, então recomendo assistir vários especialistas para você escolher a forma que faz mais sentido para você. Alimentar os peixes como eu fazia há anos atrás, criando uma casca de comida, causa uma superalimentação, que pode deixar os peixes constipados, além de facilitar o desenvolvimento de vermes neles e subir o nível de amônia, tóxica para eles, por causa do excesso de dejetos dos peixes. Logo todos esses problemas que descrevi, vão enfraquecer os peixes deixando-os vulneráveis a alguma doença.
Trocar a água diariamente, não é uma boa prática. Além de alterar os parâmetros, pode gerar um estresse nos peixes sem necessidade, recomenda-se troca semanal, e em alguns aquários estáveis, em alguns meses pode-se fazer as trocas a cada duas semanas ou até mensalmente. Além disso, eu não fazia o condicionamento da água, assim eu colocava água com cloro, que mata as boas bactérias do sistema do aquário, destruindo todo o equilíbrio estabelecido.
Beteiras, são aquários de 1l, 1,5l ou 2l, são muito pequenos para acomodar um peixinho betta, que fica sem espaço para nadar. Vi vídeos de especialistas recomendando 10l. Tenho um plano para montar um de 15 ou 20 litros.
Conchas do mar ou qualquer coisa retirada da natureza, para ser colocada dentro do aquário, precisa ser muito bem tratada, além de poder ser ilegal, acredito que haja uma lei proibindo essa prática. Recomendo procurar na internet mais de três vídeos para ficar bem informado sobre o assunto.
Ficha do peixe é muito importante saber toda a informação necessária sobre o tipo de peixe que você escolheu para cuidar. Um aquário mal preparado leva ao sofrimento e encurtamento da vida. A condição de vida ideal tem que ser respeitada, assim como os outros peixes que forem colocados juntos, quando falamos de aquário comunitário, eles precisam ter parâmetros compatíveis.
No meu caso de anos atrás, o peixe espada pode chegar a 10 cm, assim um único espada precisaria de 20 litros para o critério de certos criadores, outros defendem 30 litros. Caso seja um peixe de nado acelerado, ainda poderíamos aumentar para 75 litros pela necessidade de espaço. E o formato do aquário influencia também, você pode ter um de 75 litros com 50 cm de altura, isso não garantiria um espaço tão bom para o nado.
Sim, ter um aquário é um pouco complexo, você comete erros e aprende com eles. Se informar é uma maneira de evitar perdas e fazer tudo com segurança. Montar o aquário é um momento muito legal, assim como ficar observando ele, corrigindo uma ou outra coisa, é um momento relaxante.
Já esperar a ciclagem terminar para colocar os peixes é algo bem chato, mas necessário. Em breve, trarei novos textos menores descrevendo cada etapa.