O clássico filme da sessão da tarde “JUNIOR“, de 1994, que Arnold Schwarzenegger fica “grávido” mostrava o homem com alterações hormonais, abordadas de forma cômica. Mas o filme estava de todo errado?
Já se sabe que o hormônio chamado oxitocina está ligado com o cuidado materno, mas uma nova pesquisa tem mostrado que este hormônio também modifica estrutura cerebrais dos pais.
Um estudo que analisou os mecanismos neurais do cuidado paterno, observou que os pais que tiveram aumentos do hormônio oxitocina mostram maior atividade nas regiões cerebrais associadas à recompensa e à empatia ao ver fotos de seus bebês, segundo um estudo da Emory University.
“Nossos resultados adicionam à evidência que os pais, e não apenas mães, sofrem mudanças hormonais que facilitam a empatia e a motivação, aumentadas para importar-se com suas crianças,” diz o autor principal James Rilling. É sugerido também que a oxitocina, conhecida por ter um papel na ligação social, pode algum dia ser usada para normalizar quedas na motivação paterna, como em homens que sofrem de depressão pós-parto (sim, eles também sofrem).
“Mas o que importa é a mãe na vida da criança” NÃO!
Uma crescente linha de pesquisa mostra que o envolvimento paterno desempenha um papel na redução da mortalidade e morbidade infantil (o quanto a criança adoece) e na vulnerabilidade social, influenciando aspectos psicológicos e educacionais.
Mas nem todo pai tem uma abordagem tão ativa para cuidar de seus filhos. E esta diferença na motivação também intriga os pesquisadores.
Ligeiramente grávidos
Já se sabe há muito tempo que quando as mulheres passam pela gravidez experimentam mudanças hormonais dramáticas, que as preparam hormonal e neurologicamente para a criação dos filhos. A ocitocina, em particular, era tradicionalmente considerada um hormônio materno, uma vez que é liberada na corrente sanguínea durante o trabalho de parto, facilitando os processos de nascimento, a ligação afetiva com o bebê e a produção de leite.
Porém mais recentemente tornou-se claro que os homens também podem sofrer alterações hormonais quando se tornam pais, incluindo aumentos de oxitocina. Evidências mostram que, nos pais, a oxitocina facilita a estimulação física de bebês durante uma brincadeira, bem como a capacidade de sincronizar suas emoções com seus filhos.
Como foi feito o experimento?
Os pesquisadores utilizaram a ressonância magnética funcional (fMRI) para comparar a atividade do cérebro em homens com e sem doses exógenas de oxitocina (spray com remédio), administrada por meio de spray nasal.
Os participantes no experimento foram todos pais saudáveis de crianças, com idades de um e dois anos. Durante a realização de exames, cada participante foi exposto à várias fotos: a uma de seu filho, uma de uma criança que ele não conhecida e uma foto de um adulto que ele não conhecia.
Resultados
Ao visualizar a imagem de seu filho, os participantes com oxitocina mostraram aumento significativo da atividade em sistemas cerebrais associados com recompensa e empatia, em comparação com o placebo (spray sem nenhum remédio). Essa atividade aumentada sugere que as doses de oxitocina podem aumentar os sentimentos de recompensa e empatia nos pais, bem como sua motivação para prestar atenção aos seus filhos.
Pelo jeito parece que os homens também ficam ligeiramente grávidos…
Nossos parabéns ao pais recentes do Deviante, Guilherme Vertamatti e Renato Sevegnani!
Fonte: Neurosciencenews