Os métodos contraceptivos existem desde que a humanidade passou a associar o sexo com a reprodução. Especialmente a partir do momento que se entendeu que o sêmen seria um dos responsáveis pela fecundação! Com isso, um dos primeiros métodos conhecidos e utilizados durante toda a humanidade foi o Coito Interrompido.
Os métodos contraceptivos ou métodos anticoncepcionais são todos os meios que o indivíduo utiliza para evitar uma gravidez. Atualmente existem por volta de 20 tipos de métodos contraceptivos. De forma geral, os métodos podem ser divididos em: Barreira, Hormonais, Intrauterinos, Permanentes e Alternativos.
Muitos desses métodos estão disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e alguns também podem proteger contra as IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Com o auxílio de profissionais da saúde, trazendo todas as informações necessárias sobre cada tipo de método, cabe ao indivíduo ou casal utilizar o/os método/métodos com que mais se identificarem.
Uma boa escolha do método leva em conta a rotina e singularidade dos indivíduos, a eficácia, a segurança e o fácil acesso. A taxa de eficácia do método é um dos pontos principais a serem discutidos e avaliados para cada realidade, já que sempre existe uma taxa de falha (por menor de que seja).
Para indivíduos que desejam uma excelente taxa de eficácia e/ou têm outras questões a serem trabalhadas como evitar o contágio de IST’s, é indicado o uso de dois métodos contraceptivos. Porém, vale ressaltar que para utilizar mais de um método é necessário avaliar a combinação para que um não atrapalhe na eficácia do outro. Por exemplo: não é indicado tomar a injeção anticoncepcional junto com pílulas anticoncepcionais ou utilizar duas camisinhas juntas.
O Coito Interrompido é um dos poucos métodos que podem ser associados a todos os outros métodos sem comprometer sua eficácia quando utilizados da maneira correta.
Para quem ainda não conhece esse método contraceptivo, trata-se de um procedimento alternativo que consiste na retirada do pênis do canal vaginal antes da ejaculação, para evitar que o sêmen entre em contato com a vagina, impedindo consequentemente o encontro dos espermatozoides com o óvulo.
A ejaculação é um ato físico que ocorre no corpo masculino com contrações musculares para liberar o esperma após estímulos sexuais ou de masturbação através do pênis. O esperma é um líquido branco/amarelado que contém espermatozoides que são os gametas responsáveis pela fecundação (junto com o gameta feminino, o óvulo) “mergulhados” em outros nutrientes como vitaminas, enzimas, proteínas etc., que contribuirão para que os espermatozoides consigam chegar vivos ao óvulo.
Já o líquido pré-ejaculatório é um fluído lubrificante que sai antes da ejaculação, durante a excitação sexual. Por ser um liquido alcalino, ajuda a equilibrar a acidez da uretra, preparando o canal para a passagem do sêmen. Em teoria esse líquido não deveria conter espermatozoides, essa não é a função dele nem sua composição! Porém o corpo humano é muito único e não segue regras fixas, portanto em alguns homens o líquido consegue entrar em contato com os espermatozoides e ele pode ser liberado nesse líquido antes da ejaculação, mesmo que em pouca quantidade. Afinal, todos os fluídos saem pelo mesmo e único canal.
A humanidade, tendo consciência disso, utilizou muito o método até hoje. Por não ter custo, não necessitar de algum produto ou dispositivo e estar disponível a qualquer momento, basta a pessoa estar disposta a praticar e exercer o autocontrole de fazer a retirada no momento certo.
Porém, é fato que os profissionais da área da saúde desencorajam o uso por não haver consenso e por muitos homens não terem total controle sobre a retirada do pênis na hora correta. Ainda assim, muitos casais não deixam de fazer uso do método, muitas vezes pelos motivos já citados ao longo desse texto.
Sabendo-se que a população utiliza, é importante compartilhar informação para que o método seja utilizado da melhor maneira possível. Como, por exemplo, ensinar seu uso correto e o que pode diminuir ou aumentar sua efetividade.
Para ter uma maior taxa de eficácia, é necessário se atentar a alguns detalhes no uso do método:
- Fazer a retirada do pênis do canal vaginal antes da ejaculação e não ejacular na área da vulva, para evitar o contato do sêmen com o muco cervical;
- Após ejacular, não fazer outra penetração em seguida ou poucos minutos depois;
- O homem deve ter urinado antes da relação ou entre uma relação e outra, pois a acidez da urina mata os espermatozoides que possam ter ficado na uretra.
O uso típico de um método contraceptivo consiste no seu uso de forma incorreta (muitas vezes a pessoa nem sabe) ou por não o utilizar sempre em toda as relações. Já o uso perfeito é quando é utilizado de maneira correta, em todas as relações sexuais.
No caso do Coito Interrompido, sua taxa de falha pode ser considerada 22% no uso típico e apenas 4% no uso perfeito.
Mesmo explicando seu uso perfeito, é necessário incentivar o uso de dupla barreira para pessoas que não querem engravidar no momento, além de instigar o uso de camisinha, já que o coito interrompido não protege contra as IST’s.
Apesar de estudos mostrarem que alguns homens não possuem espermatozoides no líquido pré-ejaculatório ou os possuem de forma inativa, existem sim casos de espermatozoides ativos que podem fecundar o óvulo e não existe exatamente como prever o quanto de espermatozoides o homem terá no líquido pré-ejaculatório em cada relação, número que ainda pode variar ao longo da vida.
Dentre as desvantagens do uso do Coito Interrompido podemos citar: temos poucos estudos; não há proteção contra as IST’s; existe dificuldade de o homem interromper o coito no momento certo; pode interferir no prazer sexual; é necessário bom diálogo entre os parceiros.
Também é necessário levar em conta outros aspectos do homem tanto para o uso constante do Coito Interrompido, quanto para futuras pesquisas acerca do tema. Como avaliar idade, tempo da última ejaculação, regularidade do espermograma, frequência das relações sexuais, disfunções sexuais e se o homem já engravidou alguma mulher, mesmo fazendo o uso perfeito do método.
Além disso, um dos pontos mais negativos do método não é contabilizado através de taxas de eficácia, e sim pela preocupação, insegurança e ansiedade que o método pode provocar em casais, especialmente nas mulheres, durante a espera da chegada da menstruação para garantir que o método funcionou como contraceptivo.
Apesar de certa facilidade em utilizar esse método e vantagens em relação a contracepção utilizado como dupla barreira, sabemos que existe uma grande responsabilização da mulher e não do homem em relação à contracepção. O que é algo que precisamos debater!
O Coito Interrompido como método contraceptivo, além de uma taxa maior de eficácia a outro método, traz o homem como corresponsável na contracepção.
Exceto o coito interrompido, de forma geral, o homem dispõe apenas de 2 métodos contraceptivos voltados para si, que são o preservativo masculino e a vasectomia.
Todas as outras opções são voltadas para as mulheres, sobrando para elas a maior responsabilização, culpa e até efeitos colaterais, que podem em alguns casos colocar sua vida em risco, já que para evitar uma gravidez não planejada, muitas se submetem a hormônios até sem prescrição médica. Além disso, existe a questão de custos envolvidos nesse processo, seja da procura por médico, exames e do próprio preço do método contraceptivo.
Sabendo que os homens são minoria nas ações de planejamento reprodutivo e cuidados em saúde, é importante que as ações educativas e de planejamento familiar sejam voltadas também para o público masculino, visando atingir a todos, considerando diferenças econômicas, taxa de escolaridade, religiões, idade, etc.
Um método gratuito e de fácil acesso precisa ser melhor estudado e trabalhado em nossa sociedade. Até porque ele está presente! Mais estudos completos são necessários e mais informações devem ser espalhadas para que tenhamos acesso a um planejamento reprodutivo mais eficaz e saudável para mais pessoas.