A revelação da existência do clitóris já é conhecida há alguns anos, mas isso não o deixou livre de ter segredos acobertados pelo mestre nas artes de aprisionar debates e assuntos importantes para nossa sociedade: o terrível tabu. Entretanto, com os poderes efetivos da Educação Sexual, conseguiremos derrota-lo a fim de construirmos comunidades mais livres e atentas à saúde íntima.

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Nossos corpos possuem zonas erógenas, que são partes que despertam excitação sexual, como por exemplo: mamilos, boca, pescoço e regiões íntimas. Isso acontece porque elas são extremamente ricas em terminações nervosas, causando várias sensações quando estimuladas.

No corpo de pessoas com vagina existe um órgão totalmente voltado para o prazer: o clitóris! Ele fica localizado acima da abertura vaginal e acima da uretra… só que ali está apenas a ponta do iceberg!

Ao longo da história da humanidade, o querido clitóris foi muito desvalorizado e deixado de lado. Haviam poucos estudos e debates, chegando ao ponto de até duvidarem de sua existência. Helen O’Connell, Urologista pela Universidade de Melbourne, ao perceber que os principais livros da área traziam apenas menções superficiais sobre o clitóris, decidiu estudar mais a fundo esse órgão e se tornou a primeira pessoa a descrever todos os seus elementos e anatomia.

Agora, sabe o que é mais impressionante/assustador? Isso aconteceu apenas há 24 anos, em 1998! Só a partir de então ele vem sendo mais fielmente estudado, mas se acredita que surgirão ainda mais explicações e compreensões sobre esse órgão.

Foto: Wikipédia

 

Para ficar por dentro da base da parte anatômica, veja as divisões do Clitóris:

  • Glande;
  • Corpo cavernoso;
  • Bulbo de vestíbulo;
  • Crus do clitóris (as duas “perninhas”);
  • Capuz do clitóris (prepúcio).

A parte da glande é coberta por um capuz que serve como forma de proteção, já que a glande é bem sensível. Tanto a glande quanto o capuz podem variar de tamanho ou de área de cobertura, inclusive mudar ao longo da vida, afinal cada corpo é único e é normal que existam várias formas diferentes, não há certo ou errado. Há exceção em casos em que o tamanho incomode, causando dor, esse crescimento exacerbado pode acontecer devido à exposição a andrógenos, por exemplo. Nesses casos é importante procurar ajuda médica para avaliar a situação e tomar as devidas medidas e tratamentos se necessário.

Ainda, no capuz do clitóris existe uma massinha branca que pode se esconder por lá e que se chama esmegma. Diferente dos corrimentos vaginais, o esmegma é formado por uma espécie de descamação natural de células e gorduras natural do nosso organismo (feminino ou masculino). Porém deve ser sempre retirado com água durante os banhos.

A parte interna do clitóris não é vista a olho nu, mas é onde está sua maior parte. O corpo clitoriano se projeta em direção à pelve e é conectado ao osso púbico através de ligamentos. Ele ainda se divide em dois para formar os crus do clitóris e os bulbos.

Os bulbos estão próximos aos grandes lábios, se estendendo pela uretra e canal vaginal. Toda essa estrutura fica por trás da vulva e acaba encostando na parede da vagina, o que torna esse ponto mais sensível, prazeroso e orgástico! É nesse local que se ‘’esconde’’ o Ponto G!

Por esse motivo é possível que além de conseguir chegar ao orgasmo com a estimulação externa na glande, também seja possível através da penetração e estimulo do Ponto G. Apesar das sensações poderem ser diferentes, são causadas pelo mesmo clitóris! Afinal, orgasmos são diferentes mesmo! Nenhum será igual ao outro, haverá os mais intensos, os mais rápidos, os mais demorados e uns até mais leves.

A intensidade e a capacidade de chegar ao orgasmo com cada estímulo varia muito entre as pessoas e não há manual de instruções ou regras pré-definidas, afinal a descoberta e as sensações são individuais. Isso ocorre também porque o prazer é feito de todo um conjunto de fatores, físicos, psicológicos, hormonais e estímulos.

É, infelizmente o ‘’manual’’ da Mônica em Friends pode não servir para todas, rsrs. 4° Temp: Ep 11

 

É necessário estar à vontade e com vontade! Apesar de o clitóris ser um órgão voltado para o prazer, não precisa ser o único foco de estimulo. Aliás, como dito no começo desse texto, temos outras áreas erógenas.

O orgasmo feminino também não tem “prazo de validade” e pode ser conquistado mesmo na terceira idade. Ele também não é igual ao masculino e não necessita necessariamente de ejaculação. O squirting, que é a saída de líquidos no orgasmo feminino, ainda é um tabu pouco discutido e estudado. O que sabemos é que ele não é essencial para o orgasmo e muitas mulheres não o têm.

Infelizmente, nem tudo são maravilhas… a mutilação do clitóris ainda é uma triste realidade para milhões de mulheres de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). A prática existe em diversos países e trata-se do corte da genital feminina externa (frequentemente contra a vontade da mulher), numa prática que se baseia em motivos como religião, aceitação social, machismo e virgindade.

Algo que deveria ser sempre visto como benéfico para a saúde íntima e até para o bem estar das pessoas com vagina é coberto de tabus que tentam o invalidar. Conhecer o próprio corpo nos tira dessas amarras sociais que ditam que nosso corpo e prazer são errados.

A dificuldade em aprender a se conhecer e chegar ao orgasmo é mais comum do que se imagina, seja com pessoas em relacionamentos ou não! Isso se deve a vários fatores, como questões sociais (ex.: pressão estética), uso de medicamentos, problemas emocionais, em relacionamentos, hormonais etc. A região genital não é apenas para reprodução e nosso órgão exclusivo para o prazer prova isso.

A relação com o próprio corpo e com o prazer podem e devem ser leves. Caso exista dificuldade, deve-se procurar ajuda de um profissional da saúde para avaliar o que está causando isso. Afinal, sentir prazer também tem a ver com saúde e bem-estar!