Invertendo propositadamente a minha narrativa nessa resenha, quero dizer Storytelling com Dados, por Cole Nussbaumer Knaflic, mudou imediatamente a maneira como apresento dados e construo meus gráficos. Uma excelente leitura prática para quem lida com qualquer tipo de dados.
Já havia escutado recomendações sobre esse livro em diversos podcasts de negócios, ciência de dados e afins, mas ainda estava atrás na minha lista de leituras. Entretanto, ganhei ele da minha esposa e admito que deveria ter lido ele muito antes. Deixo aqui a minha real e honesta recomendação para que leiam também.
Mas, afinal, do que trata esse livro?
Cole Knaflic já trabalhou em diversas empresas tratando de dados e similares, inclusive na própria Google e, com isso, se deparou com os mais diversos tipos de apresentações, slides e gráficos.
Storytelling com Dados é a maneira que ela tem de trazer esses anos de experiência de um modo divertido (como sugerindo destruir quase todos os gráficos de pizza/rosca) e muito didático, seguindo 6 linhas principais:
1 – Entenda o Contexto
Aqui ela direciona para duas perguntas importantes, Quem é seu público? e O que precisa que ele saiba ou faça? como pedras fundamentais para a criação de qualquer apresentação de dados. Comenta abertamente sobre a importância do contexto e de como a adequação da linguagem é vital para estabelecer uma boa comunicação.
2 – Escolha uma apresentação visual adequada
Faça uma passagem completa pelos mais diversos tipos de gráficos e exposições de dados. Inclusive abordando a melhor utilidade de cada tipo, sempre lembrando do contexto e discorrendo sobre os problemas com certos tipos de gráficos como pizza ou em 3D.
3 – Elimine a saturação
Utilizando-se dos Princípios de Gestalt para Percepção Visual, Cole identifica maneiras interessantes de equilibrar o minimalismo com a escolha do que realmente é interessante ser apresentado, deixando a visualização menos cansativa ao exigir menos esforço do público.
4 – Foque a atenção onde você deseja
Na linha 1, a pregunta O que precisa que ele saiba ou faça? é respondida e, tendo essa informação, a autora nos ajuda com diversas técnicas para direcionar a atenção do público tanto num único gráfico quanto numa sequencia estruturada (base para o storytelling).
5 – Pense como um designer
Essa linha se baseia num dos postulados do design “A forma segue a função”. Uma apresentação deve ser estruturada e desenvolvida para que um objetivo final seja atingido de forma clara, direcionada e simples.
6 – Conte a sua história
São apresentados os conceitos técnicos de storytelling para otimizar uma comunicação com dados. De um modo bem direcionado e intuitivo.
Por fim, todas essas linhas são bem abordadas com inúmeros exemplos, daquilo que é considerado bom e também ruim, assim como alguns mostrando em quais casos o “ruim” pode se tornar “bom”.
A linguagem do livro é bem acessível e nenhum conhecimento de programação ou macros de Excel se mostra necessário.
Para quem se interessar, o blog da autora tem mais exemplos e também explica como realizá-los na prática.
Apenas um comentário antes de fechar com uma passagem do livro: quem puder ler em inglês eu recomendo, achei algumas falhas na tradução, inclusive na coloração de alguns exemplos. Algo extremamente relevante, uma vez que ela discorre bastante sobre a acessibilidade dos gráficos para daltônicos.
Espero que aproveitem a leitura como eu aproveitei e deixo aqui um trecho que resume bem o que sinto sobre a área de Storytelling com Dados!
A visualização de dados – e a comunicação com dados em geral – situa-se na intersecção entre a ciência e a arte. Certamente há ciência nisso: melhores práticas e diretrizes a seguir, conforme discutimos ao longo deste livro. Mas também há um componente artístico. Esse é um dos motivos dessa área ser tão divertida.
Um grande abraço a todos e continuem se comunicando com dados!