As 3 sondas da NASA na órbita de Marte, a Mars Global Surveyor, a Mars Odyssey e a Mars Reconnaissance Orbiter, foram usadas para que os pesquisadores do MIT fizessem o mapa mais detalhado da gravidade do Planeta Marte. Mapa esse que faz com que possamos ter uma ideia de como é o interior do Planeta Vermelho.
O mapa de gravidade funciona como um raio-X no ser humano, ele permite investigar o interior do planeta. Na Terra, as medidas de gravidade têm diversas aplicações, como delinear as bordas de bacias sedimentares, procurar por possíveis locais com água e determinados tipos de minérios.
O mapa de gravidade de Marte é muito importante para a exploração futura do planeta, pois com ele será possível determinar a formação de determinadas regiões, identificar possíveis locais de pouso e melhorar as manobras das sondas na órbita de Marte.
À medida que as sondas orbitam Marte, elas são puxadas menos ou mais para perto do planeta e com isso é possível inferir a gravidade do planeta. Existem alguns problemas e outros efeitos que afetam as órbitas das sondas, foram usados 16 anos de dados coletados e foram necessários 2 anos de processamento para que todos os outros efeitos fossem removidos e só ficasse o efeito da gravidade sob as sondas.
Esse novo mapa de gravidade mostra anomalias de gravidade com 100 quilômetros de diâmetro e foi possível determinar a espessura da crosta de Marte com uma resolução de 120 quilômetros, além, obviamente sde se tentar encontrar explicações para determinadas feições observadas.
A partir desse novo mapa de gravidade, os cientistas já sugerem a explicação para algumas feições formadas na frotneira que divide as terras baixas suaves na porção norte de Marte, das terras altas repletas de cratera da porção sul do planeta.
Um exemplo, existe uma anomalia de gravidade menor entre Acidalia Planitia e Tempe Terra, essa região anteriormente era interpretada como sendo um sistema de canais soterrados que levava água e sedimentos das terras altas do sul para as terras baixas do norte a bilhões de anos atrás. Com esse novo mapa de gravidade foi possível observar que essas feições correm perpendiculares à topografia local, o que seria contrário ao fluxo normal da água. Assim, com o mapa novo de gravidade de Marte foi possível encontrar uma outra hipótese, a flexura, ou entortamento da litosfera do planeta, devido a formação da Região Tharsis, que é o platô vulcânico de Marte com milhares de quilômetros de extensão e onde estão os maiores vulcões do Sistema solar. À medida que a Região Tharsis se formou, o seu peso enorme flexurou a litosfera gerando essa anomalia de baixa gravidade.
Além disso, a equipe de cientistas confirmou a presença de um núcleo externo líquido em Marte formado de rocha derretida, o que fará com que os geofísicos melhorem os modelos da estrutura interna de Marte.
E com a observação de como a gravidade mudou em Marte nos últimos 11 anos, que corresponde ao período de maior atividade do Sol, a equipe pôde inferir a quantidade massiva de dióxido de carbono que congela na calota polar de Marte quando a região está no inverno. E também foi possível observar como a massa se movimentou entre os polos norte e sul com a mudança de estações. A equipe determinou que aproximadamente de 3 a 4 trilhões de toneladas de dióxido de carbono congelam nas calotas polares norte e sul de Marte, respectivamente, o que corresponde a 12 e 16% da massa de toda a atmosfera de Marte.
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