Apesar de emocionantes, as aventuras de astronautas previstas pela ficção científica não correspondem à real exploração planetária. Muito antes de nós pisarmos em qualquer astro, seremos precedidos por um enxame de sensores robóticos: as sondas espaciais. Desde o início da corrida espacial nos anos 60, até os dias de hoje, tem sido assim. Dezenas de veículos automáticos foram enviados aos planetas, satélites, asteroides e cometas do nosso Sistema Solar. Praticamente tudo o que sabemos dos planetas mais distantes veio de sondas como as Pioneers e Voyagers.
Os primeiros satélites artificiais podem ser considerados sondas na medida em que se aventuravam em espaço incógnito. A medida que a exploração espacial se desenvolveu a Lua e os planetas passaram a receber veículos automáticos para exploração remota o que define uma sonda.
Tipos de Sondas
Dependendo de como a sonda aborda o astro podemos ter os seguintes tipos de sonda:
- Sobrevoadora (flyby): sonda que passa próxima a um astro e o analisa com seus instrumentos sem entrar em órbita.
- Orbitador (orbiter): sonda que entra em órbita de um astro, passando a funcionar como um satélite artificial do mesmo. Sondas como estas permitem mapeamentos muito detalhados da superfície do corpo explorado.
- Impacto (impactor): sonda arremessada contra um astro, chegando a colidir com ele. Enquanto o astro se aproxima a sonda emite dados antes de ser destruída no impacto. Muitas vezes um orbiter analisa o impacto com finalidade de ver o material espalhado durante a colisão.
- Aterrissadora (lander): sonda que pousa suavemente num astro analisando-o in loco, muitas vezes levando consigo uma sonda veicular.
- Veicular (rover): sonda com capacidade de locomoção para analisar uma área maior de um astro.
- Observatório: sonda dotada de um telescópio remoto utilizando diversas faixas do espectro eletromagnético. Também chamados de telescópios espaciais permitem observações astronômicas sem interferência atmosférica. Este último não é exatamente o que eu consideraria sonda e merece uma conversa mais detalhada em outro post.
Das diversas sondas que foram lançadas para diversos astros algumas marcaram a história da exploração espacial. Verdadeiras pioneiras e viajantes celestes. Vamos falar delas.
Pioneers
Da série Pioneer as mais destacadas e, realmente, pioneiras foram as de números 10 (1972) e 11 (1973). Os primeiros objetos a transpor a região do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter na década de 70. Antes destas sondas se tinha uma ideia de esta região poderia ser um obstáculo praticamente intransponível pelo enorme volume de poeira e pequenos asteroides. Algo semelhante ao que a gente já viu duas vezes nos filmes de Star Wars. Um amontoado de pedras espaciais. Hoje sabemos que uma nave poderia passar pelo cinturão e não encontrar muito mais que um ou dois asteroides num intervalo de semanas ou meses.
Sondas de espaço profundo tem uma particularidade: não usam painéis solares. Como se movem muito longe do Sol precisam usar geradores termoelétricos a base de material radioativo. No caso das Pioneers usou-se o isótopo de Plutônio 238. A medida que este material decaí radioativamente aquece pares termoelétricos que fornecem potência a todo sistema. Outra característica marcante deste tipo de sonda são as imensas antenas parabólicas que permitem comunicação com a Terra.
Estas sondas foram as primeiras as nos fornecer informações sobre Júpiter e Saturno in loco.
Voyagers
As Voyagers 1 e 2 fizeram sozinhas pela exploração espacial mais que todas as sondas que as precederam. Estas sondas são herança do programa Mariner e foram lançadas em 1977. Todo o conhecimento que tínhamos sobre Urano e Netuno, até bem pouco tempo, vinham da Voyager 2 que passou por lá na década de 80. Uma das coisas que distinguiam as Voyagers das Pioneers foram os braços dotados de câmeras que permitiam aponta-las para qualquer direção.
Estas viajantes pioneiras desbravaram mundos distantes mas aqui por perto outras sondas também fizeram história. Em um post próximo conversamos sobre sondas para Marte e para a Lua.
Notícia de última hora: Através da tecnologia Cubesat, o Brasil pode ser o primeiro país sul-americano a enviar uma sonda a Lua. Trata-se da Garatéa-L. Quer saber mais sobre cubesats? Visite este link.
Links de interesse geral:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pioneer_10
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pioneer_11