Dor no abdome seguido de parto com sofrimento pode acontecer tanto na Terra quanto em LV-223, planetóide do filme Prometheus.
No nosso pálido ponto azul a pré-eclâmpsia (do grego, “luz repentina”, referência ao apressar do parto – uma das únicas maneiras de salvar a mãe) é uma doença que surge na segunda metade da gestação. Ela constitui a segunda causa mais frequente de morte em gestantes, causando complicações graves para mãe e bebê.
A doença tem como origem um desequilíbrio na imunidade (reação de defesa do organismo) entre a mãe e o chamado tecido trofoblástico, que forma a placenta. As proteínas presente neste tecido são interpretados como algo que deve ser combatido pelo sistema imunológico da gestante, o que leva ao aumento da inflamação no corpo da grávida e consequente aumento da pressão arterial e alterações na coagulação. Imagina então se o feto em questão for um alien!
Como nem sempre surgem sinais precoces, pode a gestante apresentar pressão sanguínea alta, urina espumosa (devido ao excesso de proteínas), inchaço de mãos, pés e face, e em casos mais graves, falta de ar, dor na barriga muito forte e parada do funcionamento do fígado.
Existem vários fatores de risco para a doença, entre eles a obesidade, idade nos extremos da fase reprodutiva (gestante muito nova ou mais velha), diabetes, pressão alta, doenças no rim, história na família de pré-eclâmpsia, dieta com pouca proteína (não lembro da Elizabeth Shaw comendo carne no filme), baixa escolaridade e atividade profissional fora do domicílio (ou do planeta Terra), grupo sanguíneo AB e gestações múltiplas.
Atualmente o diagnóstico é dado pela somatória de vários testes, entre eles a dosagem de proteína na urina, quantidade de urina ao longo de 24 horas, restrição do crescimento do feto e medidas rotineiras da pressão arterial, podendo demorar bastante até se estabelecer o tratamento adequado.
Mas pesquisas na Universidade de Medicina de Viena podem ajudar muito as vidas em questão.
Estes pesquisadores descobriram que a simples dosagem no sangue de duas proteínas (sFlt-1 e PIGF) e a razão entre elas pode adivinhar o surgimento da doença. Estas proteínas já são conhecidas no surgimento da pré-eclâmpsia, porém a novidade seria a razão entre duas proteínas como fator de surgimento da doença.
Se a razão entre elas for menor igual a 38, em 99,3% dos casos, não existe qualquer risco de desenvolvimento da pré-eclâmpsia dentro de uma semana, o que acalma muito a grávida. Quando maior do que 38, não mostra somente o risco de desenvolver a enfermidade, mas é manifestação de complicações que já estão instaladas tanto na mãe quanto no bebê.
Assim as gestantes podem receber tratamento adequado de maneira precoce, com menos custo e menor número de idas ao hospital. Exceto se for a Elizabeth Shaw.
Referências: Sciencedaily