Plutão, o pequeno planeta anão, localizado nos confins do nosso Sistema Solar, que até pouco mais de um ano atrás não passava de um amontoado de pixels nas melhores imagens que tínhamos dele, hoje, é um dos objetos mais fascinantes e mais estudado pelo menos por aqueles que estudam ciência planetária.
Além disso, certamente é o objeto que mais surpresas tem nos revelado nesse último ano de intensas pesquisas.
Como já falei aqui para vocês, o próprio Alan Stern, resumiu numa frase toda a agitação nos estudos sobre Plutão, dizendo, simplesmente, que Plutão é o novo Marte.
Essa semana a revista Nature trouxe uma série de 4 artigos sobre Plutão, artigos que mostram estudos feitos principalmente sobre a Sputnik Planitia, sobre o possível oceano na sua subsuperfície, sobre o papel dela na orientação da órbita de Plutão entre outras coisas.
A planície possivelmente se formou com o choque de um objeto do Cinturão de Kuiper com cerca de 250 km de diâmetro a aproximadamente 4 bilhões de ano atrás.
Quando se criou essa enorme bacia, ela foi preenchida com uma água densa, combinada com o nitrogênio da superfície, formando ali um excesso de massa que fez com que Plutão sofresse uma rotação, reorientando-o com relação a Caronte.
Toda vez que se fala em oceano num mundo congelado, a primeira pergunta que vem na cabeça, ou o primeiro pensamento é, será que existe vida nesse oceano? Esse é um pensamento meio que óbvio já que a vida na Terra, como a conhecemos começou nos oceanos.
O sistema de Plutão, ou seja, o planeta anão e seus satélites é um sistema rico em amônia, a amônia já foi detectada em Caronte e nos demais satélites de Plutão, indicando que muito provavelmente existe amônia no interior de Plutão.
A amônia seria o elemento responsável para não deixar que o oceano abaixo da superfície de Plutão congele, ele é mantido numa viscosidade semelhante a de um mel.
As condições não são boas, o oceano tem amônia, é muito frio, tem água salgada, ou seja, não é um lugar para se encontrar germes, peixes, lulas gigantes, mas como pode acontecer em Titã que algum tipo de organismo poderia começar a existir nos oceanos de amônia, poderia ter um novo tipo de vida adaptável a esse ambiente.
De acordo com os pesquisadores, a vida pode suportar quase tudo, as salmoras, o frio extremo, o calor extremo, mas dificilmente suportaria a quantidade de amônia existente ali para manter o oceano no estado líquido.
Todas essas ideias sobre o oceano de Plutão são validas, mas são só inferências, sem medidas diretas, se quisermos realmente provar a existência desse oceano, teríamos que mandar uma sonda para Plutão que entraria em órbita e realizaria medidas de gravidade, provando a presença ou não do oceano.
Uma implicação importante desse trabalho é levantar a questão sobre a possibilidade de se encontrar oceanos em outros objetos do Cinturão de Kuiper, será que a fronteira do Sistema Solar é repleta de oceanos protegidos? E a vida, será que pode proliferar nesses oceanos? Por enquanto só ficamos com as especulações.
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