Provavelmente, olhando para o céu à noite, você já se perguntou “Se o universo é tão vasto, por que só observamos vida na Terra?”, “Será que somos a única espécie inteligente no universo?” ou “Onde eles estão?”. Dessa pergunta, surge o Paradoxo de Fermi.
O universo observável é grande, muito grande, ele possui 92 bilhões de anos-luz de diâmetro. Nele, existem pelo menos 100 bilhões de galáxias e, em cada uma delas, existem de 100 bilhões a 1 trilhão de estrelas. Os planetas também são muito comuns, provavelmente trilhões e trilhões de planetas possuem condições ideais para o surgimento da vida. O que significa que devem existir incontáveis espécies inteligentes, com tecnologia suficiente para realizar viagens intergaláticas.
Mas onde está essa frota de espaçonaves viajando pelo universo?
Enrico Fermi foi um físico teórico italiano que se naturalizou estadounidense. Fermi contribuiu com o desenvolvimento da mecânica estatística, teoria quântica, física nuclear e de partículas, foi o primeiro a postular a existência dos neutrinos, construiu o primeiro reator nuclear e trabalhou no Projeto Manhattan.
Segundo a lenda, durante um almoço em 1950, Fermi discutia com seus colegas de trabalho no Laboratório Nacional de Los Alamos sobre recentes avistamentos de OVNIs quando exclamou: “Onde eles estão?”. Ele então fez alguns cálculos rápidos e concluiu que a Terra já deveria ter sido visitada várias vezes no passado.
Embora o nome de Fermi seja associado ao paradoxo, Fermi nunca publicou nenhum trabalho sobre o assunto. Quem fez isso foi o astrofísico Michael Hart, que utilizou dados mais rigorosos num artigo em 1975 e alguns argumentam que o paradoxo pertence a Hart.
Independentemente da sua autoria, o paradoxo surge dos seguintes argumentos:
Na Via-Láctea existem 400 bilhões de estrelas, aproximadamente 20 bilhões dessas estrelas são parecidas com o nosso Sol e estimativas sugerem que um quinto delas possui um planeta rochoso na sua zona habitável. Mesmo que apenas 0.1% desses planetas desenvolva vida, haveria 1 milhão de planetas com vida na Via Láctea.
Se, em apenas um deles, uma espécie alienígena tivesse se desenvolvido o suficiente para se tornar uma super civilização interplanetária, nós teríamos notado. As viagens interestelares são longas, mas esses planetas e estrelas possuem bilhões de anos de idade, tempo suficiente para essas viagens terem acontecido.
Onde estão todos os alienígenas?
Desde que essa pergunta foi feita, diversos cientistas tentaram encontrar soluções para o paradoxo. Uma delas é a do Grande Filtro, uma barreira em algum dos estágios de evolução de uma espécie. Esse faz com que seja muito mais improvável ou até impossível que a vida evolua após certo ponto.
Existem duas possibilidades: nós podemos ter passado desse filtro ou ele pode estar à nossa frente.
Se já tivermos passado por ele, significa que o surgimento da vida, a formação de organismos multicelulares ou o desenvolvimento da inteligência são processos extremamente difíceis e que ocorrem raramente no universo. Nós podemos ser até mesmo os primeiros seres a passar por esse filtro e estamos sozinhos no universo.
Agora, se o filtro ainda estiver à nossa frente, a vida e civilizações avançadas podem até serem comuns, mas elas são destruídas eventualmente, por guerras nucleares, por aquecimento global ou algum outro desastre natural, pelo surgimento de uma Skynet ou alguma outra tecnologia perigosa. Isso implica que nós ainda vamos chegar a esse filtro.
Se encontrarmos outras espécies de seres-vivos em Europa, por exemplo, significa que é mais provável que o filtro esteja adiante.
Outra solução ao paradoxo é que talvez nós estejamos num canto isolado do universo, longe das outras espécies inteligentes. Ou talvez as civilizações avançadas que existem não se importem com seres inferiores. Alguns cientistas ainda sugerem que talvez exista uma espécie avançada predadora e que as outras espécies inteligentes estão se escondendo para não revelar a sua localização.
Talvez existam alienígenas enviando sinais pelo universo e nós provavelmente não saibamos ouvi-los ainda, não tenhamos tecnologia apropriada para captar os sinais ou não tenhamos decifrado as mensagens ainda. A escala de tempo no universo é muito grande e talvez as civilizações inteligentes não co-existam no mesmo espaço de tempo.
Nós podemos ainda fazer parte de uma simulação criada por uma civilização ainda mais avançada. Ou talvez as espécies desenvolvidas apenas nos observem e não façam contato para não influenciar a evolução e desenvolvimento natural até que a humanidade esteja pronta para se juntar à comunidade galáctica, algo como a Primeira Diretriz da Federação dos Planetas Unidos em Star Trek.
As possibilidades são infinitas, mas todas têm um problema em comum: não sabemos qual o limite que a tecnologia pode alcançar. Podemos estar perto do limite ou podemos não estar nem perto dele, pode haver alguma super tecnologia que irá permitir viagens intergalácticas ou a imortalidade.
Na realidade, nós não sabemos quase nada sobre o universo, o tempo de existência dos seres humanos é apenas uma pequena fração. Na escala de tempo das galáxias nós somos apenas embriões.
Referências
The Fermi Paradox: Where Are All the Aliens? Encyclopædia Britannica.
The Fermi Paradox — Where Are All The Aliens? Kurzgesagt.
Fermi paradox. Wikipedia.
What is the Fermi Paradox? Cosmos Magazine.