Uma pergunta que sempre fazem é a seguinte, como podemos saber a forma da Via Láctea, como ela está estruturada, se vivemos dentro dela e não conseguimos observá-la de fora?

Essa resposta não é muito simples, mas existe sim uma maneira, e o estudo da forma da Via Láctea, de dentro para fora, está baseado no simples fato de se medir a posição das estrelas da nossa galáxia.

Quanto mais estrela você medir e quanto mais precisa for essa medição, melhor você saberá qual a estrutura da Via Láctea.

Parece simples, mas não é, distinguir individualmente as estrelas, medir suas propriedades, sua posição, sua velocidade e outras características é algo extremamente complicado.

Essa semana, a ESA, dona da GAIA anunciou o primeiro pacote de resultados da sonda, um catálogo com 1 bilhão e 142 milhões de estrelas mapeadas com a precisão de 0.5 a 15 mili arcos de segundo, ou seja, o mapa mais preciso já feito até hoje do nosso lar no universo.

Com essas posições bem determinadas os astrônomos conseguem montar mapas tridimensionais da nossa galáxia que dão a verdadeira imagem de onde vivemos.

Não é a primeira vez que esse tipo de pesquisa é feita, anteriormente as missões Hipparcos e Tycho-2 haviam feito o mesmo tipo de estudo, não com a mesma precisão, e a integração dos dados da missão Gaia com esses dados anteriores é de suma importância pois assim é possível eliminar efeitos que podem prejudicar a medida das distâncias e da posição das estrelas.

O catálogo da Gaia é 2 vezes mais preciso e contém 20 vezes mais estrelas do que o catálogo anterior.

E o que tem de interessante nesse emaranhado de dados?

O novo censo da Via Láctea mapeou 3194 estrelas variáveis entre Cefeidas e RR Lyrae, das quais 386 estrelas novas, tipos de estrelas usadas como verdadeiras réguas para medida de distância cósmica, devido à característica de variação de seu brilho.

Além disso, 250000 quasares foram mapeados e 400 aglomerados estelares abertos tiveram suas estrelas medidas com precisão.

Além disso a Gaia teve a oportunidade de ver um fenômeno raro, Plutão ocultando uma estrela distante, o que é muito importante para se entender, por exemplo, a atmosfera de Plutão e estudar a luz da estrela dispersada por essa atmosfera.

Esses são só os primeiros dados lançados pela missão Gaia e muita coisa ainda está por vir.

Os dados estão disponíveis, os links estão na descrição, além disso 15 artigos científicos foram publicados numa edição especial da revista Astronomy & Astrophysics, o link para a edição também está na descrição com alguns artigos abertos ao público.

Só para lembrar que o objetivo da missão Gaia é construir o mais preciso mapa 3D da nossa galáxia, a Via Láctea, para podermos entender a estrutura e a origem da nossa ilha no universo, e tentar responder à velha pergunta, como saber a forma da Via Láctea, olhando de dentro?

Fontes:

http://www.esa.int/Our_Activities/Space_Science/Gaia/Gaia_s_billion-star_map_hints_at_treasures_to_come

http://gea.esac.esa.int/archive/

http://www.aanda.org/component/toc/?task=topic&id=641

http://www.sci-news.com/astronomy/gaias-billion-star-map-milky-way-galaxy-04192.html