Há várias características que fazem da raça humana o que ela é, uma delas é o nosso forte desejo de expandir fronteiras. Estamos sempre desbravando o desconhecido, transpondo qualquer que seja o desafio. Não aceitamos ficar estagnados, seja fisicamente ou mentalmente. Mas, infelizmente – ou felizmente –, se tratando de fronteiras físicas não há tantos novos territórios aqui na Terra para descobrir. Já estamos no limite de espaço que podemos ocupar na Terra, e, se permanecermos no atual ritmo de exploração dos recursos naturais, logo esse limite cairá para zero.

Por essas e outras razões o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recentemente anunciou que quer que a NASA envie astronautas à Marte até o fim da década de 2030. Mas a NASA não é a única que está planejando visitar o nosso vizinho.

Veja aqui um resumo dos projetos que miram nos levar até Marte.

NASA

A NASA está tomando uma abordagem em várias etapas para alcançar o objetivo de pôr as botas em Marte.

Começando pela Estação Espacial Internacional, ou ISS, que vem abrigando tripulações desde de 2000. Ela tem sido vital para aprendermos quais são os efeitos de passar longos períodos no espaço e como lidar com esses efeitos. Os exemplos mais notáveis nesse sentido são os astronautas Scott Kelly e Mikhail Kornienko que ficaram a bordo da estação por 11 meses – com a tecnologia atual de propulsão leva de seis a nove meses para se chegar à Marte, então já sabemos que é possível sobreviver a esse período de tempo.

Scott Kelly e Mikhail Kornienko

Scott Kelly e Mikhail Kornienko

Nos próximos 10 anos, a NASA pretende estender o alcance dos voos espaciais para além da Lua para testar novos propulsores. Por exemplo, por volta da década de 2020, a agência planeja enviar astronautas para a órbita lunar, eles visitarão a parte de um asteroide que será arrastada por uma sonda.

Finalmente, passado todos os testes, vem a viagem para Marte em si. Pelos planos atuais os astronautas serão enviados a órbita de Marte no início dos anos 2030, com voos de superfície pouco tempo depois. A agência planeja, eventualmente, criar um posto avançado no planeta vermelho.

Acampamento-base em Marte

Os oficiais da NASA enfatizaram que a jornada para Marte será um esforço de grupo. Por isso ela vem trabalhando em conjunto de empresas como a Boeing, a Lockheed Martin e a Orbital ATK Bigelow Aerospace.

Neste espírito de cooperação a Lockheed Martin apresentou, no início deste ano, sua proposta para montar uma estação espacial na órbita de Marte. A estação seria composta primariamente por duas capsulas Orion e dois módulos Habitáveis/laboratórios de ciências.

Ilustração artistica do acampamento-base em Marte

Concepção artistica do acampamento-base em Marte

Esse acampamento-base abrigaria até seis astronautas que permaneceriam lá por aproximadamente um ano. Durante esse tempo, eles operariam robôs na superfície marciana a procura de sinais de vida e recolhendo amostras; e fariam viagens para as luas de marte, Fobos e Deimos.

SpaceX

Deixando a NASA de lado, temos a ambiciosa SpaceX, uma empresa norte-americana de transporte espacial – a primeira organização privada a realizar o voo de reabastecimento da ISS. Seu fundador, Elon Musk, há muito expressa seu desejo de que a humanidade se expanda para além da Terra, e anunciou que a SpaceX pretende ajudar a estabelecer uma colônia em Marte com um milhão de pessoas nos próximos 50 a 100 anos.

Para tanto, a SpaceX vem desenvolvendo foguetes reutilizáveis que diminuem muito o custo de viagens espaciais. Além disso, ela planeja construir o ITS, Sistema de Transporte Interplanetário – note o detalhe, transporte interplanetário, não transporte a Marte; Musk já está pensando além do nosso vizinho escarlate. O ITS combinará o foguete mais poderoso da história com uma nave com capacidade de transportar 100 pessoas.

Ilustração artística do ITS

Concepção artística do ITS

Se tudo ocorrer perfeitamente, as primeiras tripulações poderão ser lançadas em 2024. Mas antes a SpaceX pretende lançar missões não tripuladas usando sua capsula Dragon e o foguete Falcon Heavy em 2018, para testar os sistemas de aterrissagem em marte, entre outras tecnologias críticas para a colonização.

Mars One

Trocando de país, temos na holanda uma organização sem fins lucrativos que, assim como a SpaceX, também planeja colonizar Marte. Mesmo que em uma escala bem menor. A Mars One pretende lançar missões não tripuladas em 2020, 2022 e 2024; elas terão o objetivo de preparar as bases para os primeiros colonos, que serão enviados em 2026.

Concepção artística da base da Mars One em Marte

Concepção artística da base da Mars One em Marte

Se tudo ocorrer bem, Mars One continuará enviando tripulações de quatro pessoas em todas as oportunidades de lançamento. No entanto, não há nenhum plano para trazer qualquer um deles de volta – o que contrasta em muito com o planejamento da SpaceX, cujas naves serão capazes de voos de ida e volta.

Segundo a organização, o custo para enviar os quatro primeiros astronautas será de seis bilhões de dólares. Eles se recusam a obter dinheiro do governo, por isso, para arrecadar o dinheiro, eles transformarão todo o processo – desde a seleção do astronauta, o lançamento e a vida em Marte – em uma espécie de reality show – apesar de que seu criador diga que será mais como uma transmissão dos jogos olímpicos do que uma edição do Big Brother.

Outros possíveis projetos

É provável que surjam, nos próximos anos, novos esforços para se enviar uma tripulação à Marte.

Por exemplo, o fundador da Amazon, Jeff Bezos, que lidera a Blue Origin, uma empresa privada de voos espaciais que possui o objetivo de diminuir os custos das viagens espaciais. A Blue Origin já realizou vários testes de voo com seu veículo sub-orbital, o New Shepard, e recentemente anunciou o desenvolvimento de um grande foguete orbital conhecido como New Glenn.

Bezos já mencionou também que a empresa possui um projeto chamado New Armstrong, mas não revelou mais detalhes a respeito. Como isso é tudo que sabemos resta especular se New Armstrong será mais um esforço para levar a humanidade à Marte.

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Tanto a Agência Espacial Europeia como a Rússia já manifestaram que possuem o interessem de pôr as botas em Marte, assim como também a China – embora a China esteja trabalhando primeiro em ir à Lua. Quem sabe alguma essas agências não resolvam dar uma passo em direção à Marte, separadamente ou até mesmo formando uma coligação; talvez até uma coligação com a NASA – embora as leis americanas atuais proíbam uma ampla cooperação com a China em empreendimentos espaciais.

Resumindo, tem muita coisa acontecendo, os próximos anos serão bem agitados para o nosso vizinho – com direito até a reality show. Fiquem atentos.

Fonte

Space