Se você já teve infância ou se já assistiu Os Goonies (que é quase a mesma coisa), sabe reconhecer o quão legal é encontrar um mapa. Fazer um, então, tem ainda um valor adicional: a sensação de desbravador, ou talvez de pirata, ou quem sabe ainda de membro de uma espaçonave viajando audaciosamente pelo espaço onde nenhum homem jamais esteve.
Foi essa sensação (ou algo parecido) que pesquisadores australianos e japoneses devem ter vivenciado ao mapear o fluxo global das emissões de nitrogênio. A motivação foi um tanto mais nobre do que encontrar alguns dobrões de ouro: estimar as contribuições de cada nação para a poluição de nitrogênio ao redor do globo.
Talvez você não esteja muito familiarizado com o nitrogênio como poluente então aqui vai uma rápida explicação: sabe o gás carbônico? O famoso CO2, que resulta da queima de combustíveis fósseis, florestas, cachimbos da paz e explosões em filmes do Michael Bay? Aquele gás que os cientistas dizem ser o grande vilão das mudanças climáticas da Terra? É um gás bem problemático, não é? Agora imagina se existisse algo pior? Trezentas vezes pior? Então, esse é o óxido nitroso.
O que os autores da pesquisa fizeram foi reunir dados de emissão de óxido nitroso, amônia e outros óxidos de nitrogênio, junto com dados de compra e venda de nitrogênio mineral, normalmente utilizado como fertilizante agrícola (o uso de nitrogênio como fertilizante é uma história muito legal que merece uma postagem a parte, pois envolve relâmpagos, explosões, guerras, o Chile, alemães e um quadro do van Gogh). Munidos das informações de 188 países e de modelos do ciclo do nitrogênio (aquele mesmo que se aprende na escola), eles constataram que Estados Unidos, China, Índia e Brasil são responsáveis por 46% das emissões mundiais de nitrogênio poluente.
A maior parte das emissões advém da agricultura, transporte e geração de energia, o estonteante número te 161 milhões de toneladas de nitrogênio emitido. Mas a população em geral também contribui principalmente com emissões provenientes do esgoto e atinge a marca de 28 milhões de toneladas. Nesse ponto o mapa aponta não para um tesouro preocupante que estamos deixando para as futuras gerações. Provavelmente pior do que a Maldição do Pérola Negra. Mas, isso também mostra que podemos fazer diferente, buscar processos industriais alternativos, uso mais sustentável de fertilizantes agrícolas e queima mais eficiente nos motores a combustão. Não precisamos mais andar por aí perdidos negligenciando o impacto dessas emissões, afinal de contas, agora temos um mapa.
Referências: