“Guerra e paz não são extremos opostos, e a distinção entre um guerreiro e um pacificador é frequentemente uma miragem”. (BLAINEY, G.)
Salve, salve gente amiga das Ciências!
As guerras não são algo novo na história da humanidade, certo? Aliás, há muito mais períodos de conflito do que de paz, nessa breve estadia do ser humano neste planeta.
O armamento, a motivação, a estratégia, os objetivos tem mudado bastante, mas as batalhas existem há milhares de anos. Desde os primeiros embates no Crescente Fértil até os recentes conflitos que vem ocorrendo na Síria, homens e mulheres têm tomado armas por objetivos pessoais, políticos e econômicos. Religião, terras, glória e busca de riquezas tiveram seu papel na motivação humana para as guerras.
“Um príncipe não deve, portanto, ter qualquer outra meta ou pensamento, nem tomar qualquer outra coisa para estudo, que não a guerra, sua organização e disciplina, pois essa é a única arte necessária àquele que comanda”. (MAQUIAVEL, N.)
A proposta aqui é tratarmos de algumas das batalhas ocorridas ao longo da história, de uma maneira simples, concisa, porém abalizada. Das mais conhecidas às menos famosas, viajaremos ao longo de mais de 2500 anos de contendas que deixaram cicatrizes profundas, cicatrizes essas que muitas vezes o coração dos homens faz de tudo para camuflar…
O primeiro embate selecionado faz parte da série chamada de “Guerras Greco-Pérsicas”, a Batalha de Maratona.
BATALHA DE MARATONA (490 a.C.)
O primeiro teste da capacidade de combate dos hoplitas durante as Guerras Greco-Pérsicas ocorreu num estreita planície grega, entre as montanhas e a Baía de Maratona. Ali, uma esquadra persa de 600 barcos desembarcou um exército de cerca de 20 mil homens. Impávidos, os atenienses mobilizaram 10 mil hoplitas e seguiram para leste, a fim de repelir os invasores.
Os gregos primeiro acamparam nas montanhas, onde o terreno acidentado deteria a cavalaria inimiga. O mais ousado dos generais atenienses, Milcíades, lançou um ataque. Já na planície, porém fora do alcance dos arqueiros persas, os atenienses entraram em formação de combate. Tão rápido quanto permitiam suas armaduras, investiram contra as hostes inimigas. Aquele “mero punhado” de atacantes, segundo Heródoto, pareceu aos persas estar “privado dos sentidos, buscando a sua própria destruição”.
Como proteção contra um ataque de flanco, Milcíades enfraquecera o centro grego e ampliara suas linhas de ataque. Ao iniciarem os combates, os persas forçaram o recuo do fraco centro ateniense. As falanges, à direita e à esquerda da linha ateniense, com oito fileiras de hoplitas, golpearam então o flanco dos persas. Quando um homem na primeira fileira caía, um soldado da segunda imediatamente tomava seu lugar; o mesmo sucedia com todos os lugares que ficavam vagos na falange. Por fim, as falanges atenienses conseguiram desviar os flancos persas. Girando em direção ao centro, os atenienses cercaram o inimigo.
Os soldados persas que não haviam caído na armadilha fugiram para seus barcos. No entanto, segundo Heródoto, os atenienses conseguiram matar 6400 persas, perdendo apenas 192 homens.
Vale a pena lembrar: os Hoplitas carregavam um pesado escudo no braço esquerdo grande e redondo (hoplons) que se estendia do seu pescoço à coxa. A proteção estava enfeitada com um símbolo de sua família, tribo ou cidade. Eles usavam capacetes de bronze com uma espécie de crina de cavalo em cima, para fazer o soldado parecer mais alto e mais poderoso. Para proteção do corpo, eles usavam uma carapaça de bronze ou couro que ia do ombro para o tórax, mais armaduras de bronze na frente, nas partes baixas e nas pernas. As suas armas eram uma lança longa e uma pequena espada de ferro. Os hoplitas lutavam junto com as falanges, uma esquadra de infantaria normalmente utilizada junto com os hoplitas. Era importante que as falanges se movessem e lutassem juntos. Flautas e outros instrumentos musicais lhes ajudavam a sincronizar o passo. O apavorante confronto frente a frente com o adversário pedia coragem extrema e disciplina.
Sugestão de leitura:
- FUNARI, Pedro P. (org). História Militar do Mundo Antigo. São Paulo: Annablume Editora, 2012.
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