A desenvolvedora Guerrilha Games já apareceu por aqui com seu Horizon: Zero Dawn, inclusive se você quiser ler o texto sobre esse game é só clicar aqui, porém antes desse seu grande sucesso ela era conhecida pela série Killzone. Composta de 6 games, sendo 5 FPS, todos exclusivos para as plataformas da Sony, a história se passa em uma era de colonização espacial mostrando a guerra entre o Império Helghan e a ISA (sigla em inglês para Aliança Estratégica Interplanetária).
As duas nações são humanas, porém os Helghast ao longo de várias gerações sofreram mudanças na sua estrutura corporal que os deixaram maiores, mais fortes e mais resistentes, resultado das condições adversas que seu planeta natal. E é exatamente sobre isso que falaremos hoje. As adaptações sofridas pelos Helghast seriam possíveis na vida real? Temos exemplos disso? Pois bem soldado, prepare seu armamento e vamos juntos entrar nessa guerra contra o Império Helghan, descobrindo suas fraquezas e vantagens adquiridas devido a atmosfera brutal de seu planeta.
Em um futuro próximo na Terra, a Terceira Guerra Mundial começou e inevitavelmente armas nucleares foram usadas, resultando na quase destruição do planeta. Desenvolvida tecnologicamente para isso, a humanidade decide deixar a Terra e iniciar um processo de colonização de outros planetas ou satélites como a Lua. Várias organizações são chamadas para ajudar os governos nesse processo de colonização, a Corporação Helghan é uma delas.
Logo são detectados dois planetas com grandes possibilidades de colonização no Sistema Alfa Centauri. Ficou decidido que a Corporação Helghan seria a responsável pela exploração desses planetas, com isso eles foram batizados de Velka, em homenagem ao presidente da companhia e Helghan, em homenagem a própria companhia.
Velka, um planeta bem parecido com a Terra servia de base para as operações, já Helghan apesar de inóspito, possuía grandes reservas de recursos naturais que poderiam ser uteis para as viagens espaciais além de gerar dinheiro para a corporação.
Aqui, já vale uma pausa para falarmos rapidamente sobre o sistema Alfa Centauri.
Foi uma ótima jogado dos desenvolvedores usarem Alfa Centauri como o primeiro ponto de parada pelos humanos, já que é o sistema estelar mais próximo do nosso sistema solar, “apenas” 4,37 anos-luz de distância.
Alfa Centauri é formado por três estrelas, Alfa Centauri A (uma anã amarela um pouco maior que nosso Sol), Alfa Centauri B (uma anã laranja) e Proxima Centauri (uma anã vermelha). Todas com boas chances de terem planetas dentro do espaço denominado Zona Habitável (a nossa Terra se encontra nesse espaço). Inclusive em 2016 foi anunciada a descoberta de um planeta ao redor de Proxima Centauri que “teoricamente” poderia abrigar o surgimento de vida. Talvez em um futuro próximo tenhamos mais detalhes sobre esse sistema estelar, já que o físico Stephen Hawking e pelo bilionário Yuri Milner lideram um protejo chamado Starshot que lançou uma pequena espaçonave em direção à Alfa Centauri com o objetivo de estudar o sistema. A viagem deve levar entre 20 a 30 anos. Voltando ao game agora…
Depois da colonização de Alfa Centauri, fica claro a importância estratégica do sistema, levando a Corporação Helghan a cobrar altas taxas de “pedágio” pelo sistema, além de aumentar a tributação dos produtos explorados por eles. Essa atitude não agradou nem um pouco as outras colônias da Terra que formavam a UNC (União das Nações Coloniais), fazendo com que Helghan sofresse pesadas sanções por parte da UNC. Somado a isso houve o crescimento de um movimento de independência do sistema. Assim foi uma questão de tempo para Helghan sair da UNC e se proclamar sistema independente, resultando na Primeira Guerra Extrasolar.
Helghan perde a guerra e sua administração é dissolvida, com o sistema sendo colocado sob a administração da ISA. Assim o planeta Helghan se torna o destino de muitos fiéis à corporação que habitavam Velka ou as muitas estações espaciais que orbitavam Helghan. Mesmo com a atmosfera cheia de poeira e perigosas tempestades de raios, depois de muitas gerações os humanos se adaptam ao planeta e se tornam os Heghast. Com o aparecimento de um líder carismático é formado o Império Helghan, com o objetivo de expandir seu domínio, a Segunda Guerra Extrasolar é iniciada. A partir daqui controlamos soldados da ISA tentando impedir o avanço dos Helghast.
Os Helghast são apresentamos como uma nova “raça”, eles têm a pele pálida, muitas vezes sem pelos no corpo e se adequaram a viver em baixa gravidade, os pulmões são mais eficientes e resistentes a poluentes e suas células são mais resistentes à radiação. Quase todos esses pontos são apresentados no game como mudanças positivas para eles, tornando-os inimigos difíceis de serem vencidos. Porém na realidade não seria bem assim, vamos entender melhor.
Primeiramente, podemos supor que todas essas mudanças que eles sofreram ao longo de gerações no planeta Helghan provavelmente seriam fruto de mutações em seu DNA e também considerando a atmosfera hostil do planeta podemos imaginar que essas mutações tenham sido aceleradas por radiações das estrelas do sistema Alfa Centauri. Vou explicar melhor.
O Sol emite constantemente gigantescas quantidades de radiações eletromagnéticas em direção ao espaço, e no meio desse caminho encontra-se um planeta chamado Terra, que se não fosse por sua atmosfera que “bloqueia” a maior parte da radiação, provavelmente ele não seria habitado por seres vivos. Só lembrando aqui que isso não quer dizer que você não precisa usar protetor solar. USE PROTETOR SOLAR!
Como já dito, Alfa Centauri possui uma estrela bem parecida com o nosso Sol, a Alfa Centauri A, que poderia muito bem bombardear Helghan com radiação eletromagnética causando as mutações nos humanos que colonizaram o planeta. Mas vale lembrar que na vida real, apesar de termos exemplos de células resistentes à radiação como tumores glioblastoma, mutações desse tipo dificilmente são benéficas, o que seria mais comum é o planeta se transformar na dimensão Cronenberg de Rick & Morty. Isso sem mencionar que a radiação poderia deixar os Helghast estéreis e com isso incapazes de se reproduzir ao invés de deixá-los resistentes à ela.
Agora sobre adaptação para viver em baixa gravidade, sabemos muito bem o que pode acontecer. Ao contrário do game onde os Helghast se tornaram mais fortes e resistentes, baixa gravidade a longo prazo pode provocar perda óssea e muscular.
Astronautas que ficam semanas no espaço quando voltam para a Terra, estão tão fracos que precisam ser abrigados em macas e acolchoados especiais até se recuperarem plenamente. Apesar da gravidade de Helghan ser maior do que a gravidade existente no espaço (lembrando que no espaço há gravidade sim, microgravidade) os efeitos sobre o corpo humano seriam bem prejudiciais ao longo dos anos vivendo por lá.
Inclusive a maioria dos planos que temos hoje para colonizar outros planetas envolve criar gravidade artificial no local de colonização. Assim, ao invés de seres altos, forte e resistentes, os Helghast provavelmente seriam mais parecidos com os humanos da animação Wall-e.
Por fim talvez o único ponto que realmente favorecesse os Helghast seriam os pulmões melhorados devido a atmosfera do planeta. Se Helghan tivesse uma atmosfera com pouco oxigênio, provavelmente seus habitantes teriam se adaptado a essas condições, mais ou menos igual aos Sherpas que ao longo de séculos se adaptaram à grandes altitudes e ao ar rarefeito desses locais e hoje são força indispensável para qualquer um que queira escalar o Monte Evereste, por exemplo. Além de subirem carregando todos os pesados equipamentos dos alpinistas, fazem isso sem utilizar nenhum auxilio de respiradores ou máscara de oxigênio. Muitas vezes eles até carregam até mesmo os próprios alpinistas, para que estes alcancem o topo do monte e possam voltar para a civilização e dar suas palestras sobre força de vontade e superação…
Agora, se a maioria dos times da Libertadores sofre quando vai enfrentar o Bolívar em La Paz com seu ar rarefeito (mil vezes pegar o Boca no La Bombonera), imagine tropas da ISA invadindo Helghan e lutando contra os Helghast em seu planeta natal. Porém essa possível vantagem vai toda por água abaixo quando vemos no game os soldados da ISA lutando em Helghan a plenos pulmões e não utilizando nenhum equipamento para auxiliar na respiração. Já os Helghast quando saem de seu planeta precisam utilizar máscaras com cilindros contendo uma mistura de gases que simulam os gases tóxicos da sua atmosfera natal ou seja, provavelmente a questão aqui não é a falta ou sobra de oxigênio e sim outros gases contaminantes. Eles se adaptaram a respirar esses gases e não conseguem mais sobreviver respirando “ar puro”.
Isso até que faz sentido, se fizermos um paralelo com o “nascimento” do nosso planeta Terra. Depois da formação da Terra, não havia muito oxigênio na atmosfera, isso, no entanto não impediu que seres vivos se desenvolvessem no planeta. Mas passados alguns milhões de anos, a atmosfera se alterou e ficou rica em oxigênio, assim quem usava esse gás para produzir energia se beneficiou e começou a se produzir mais, já aqueles que durante bilhões de anos satisfaziam suas necessitas energéticas sem oxigênio, descobriam que o gás era venenoso para suas células. Só lembrando que estamos falando aqui de seres unicelulares, animais só começaram a aparecer mais de 2 bilhões de anos depois disso ainda. Usando isso como paralelo poderíamos dizer que o mesmo aconteceu com os Helghast, o oxigênio se tornou um veneno para eles.
Pois bem pessoal, no final acabamos vendo que na realidade os Helghast depois de se adaptarem a Helghan, talvez não fossem esses terríveis inimigos vistos nos games.
De qualquer forma, os games são muito bons no quesito diversão, com certeza são altamente recomendáveis para quem gosta de um bom FPS e possui algum portátil da Sony ou um PS3 (fuja do game que saiu para PS4). Até porque, com a Guerrilha focada em Horizon, dificilmente veremos um novo Killzone tão cedo, e sinceramente, não sei se precisamos ainda.
E por hoje é só. Fico no aguardo de críticas, sugestões e se já jogou Killzone, sua experiência com a série. Até a próxima.
Fontes: Killzone Wiki, Revista Galileu, Olhar Digital, Superinteressante, Mega Curioso, Último Segundo, The North Face, Alert e Wikipédia