A rápida evolução dos vírus pode transformar uma simples gripe numa pandemia. Da mesma foram que uma mutação, em outro ambiente, pode passar despercebida.
Um grupo de cientistas estuda como se dá essa evolução e como aplicar este conhecimento na prevenção de doenças. Eles analisaram estudos de três famílias virais bastante conhecidas e cujo genoma é composto por RNA. Estes vírus são amplamente distribuídos na natureza e infectam quase todos os seres vivos (animais, plantas e bactérias).
Vírus têm grandes populações e ciclos de replicação curtos, os tornando modelos ideais para o estudo da evolução. As alterações aparecem rapidamente e, em algumas semanas, os pesquisadores podem testar se as mutações ou determinadas combinações genéticas são benéficas ao serem passadas para a prole, sob condições controladas no laboratório.
Fragmentos de RNA podem ser passados linearmente, ou os vírus podem reorganizar estes fragmentos a partir de outros vírus, criando um híbrido, por meio de variabilidade genética (característica presente na reprodução sexuada). Algo como dois vírus infetando a mesma célula e a junção do material genético resultasse em novos vírus com material genético diferentes. Tanto para humanos quanto para vírus portar dois conjuntos de genes diferentes é vantajoso por aumentar a variabilidade genética, dando à prole potencial para levar certa combinação de traços parentais e melhor adaptação à seu meio ou mesmo de ser menos adaptado. Os vírus devem ter a capacidade de se replicar e resistir ao sistema imune do hospedeiro, estas duas pressões seletivas decidem se o novo vírus pode se tornar uma pandemia ou morrer.
Mas em diferentes famílias de vírus de RNA não ocorre recombinação genética, mesmo após infecção da célula hospedeira, por conta de incompatibilidade genética e física. Mesmo em vírus geneticamente semelhantes as restrição limitam o surgimento de novas cepas.
Pesquisadores trabalham para compreender como os vírus aumentam sua variabilidade genética e como as pressões seletivas atuam sobre esta variabilidade de forma a promover ou conter as novas cepas virais, provavelmente mais letais.
Acredita-se que falhas moleculares na recombinação dos genes possa ser uma das razões para o surgimento de recombinações, assim como diferenças na interação do RNA, reduzindo as chances de geração de uma prole híbrida.
Ainda há questões sem respostas que podem ser descobertas ao longo do estudo e com estas será possível desenvolver e aprimorar estratégias de prevenção e controle de doenças, assim como esclarecer a compreensão da evolução dos organismos.
Fonte: Science Daily