Quem nunca ouviu sobre uma teoria da conspiração e pensou “bom, até que faz algum sentido…”. Hoje vamos tentar entender como criar uma e porque você não deve acreditar nelas tão facilmente.
Primeiro crie um assunto bombástico (beirando o absurdo) e seja convicto no que diz, como por exemplo: “ALIENÍGENAS FORAM VISTOS POUSANDO EM FAZENDA NO INTERIOR DE SP!!!” ou “GOVERNO AUTORIZA IMPLANTES DE MICROCHIP EM SERES HUMANOS”.
Sim, quanto mais absurda a notícia, mais pessoas irão se atrair por ela. Escrever o título em CAIXA ALTA também faz parte da estratégia para chamar a atenção.
Crie algum tipo de relato que passe confiança para quem lê e tente fazer conexões absurdas entre fatos reais e ficção, como dizer que “um OVNI foi visto nos arredores da fazenda “X”, “segundo relatos dos moradores (não diga quem são, convenientemente), o objeto foi visto pousando em um pasto, na propriedade de uma pessoa que preferiu não revelar sua identidade”, ou que “os testes para o implante dos microchips já estão em andamento, afirmam fontes seguras dentro do Governo”.
Tim Powers, um autor Americano de histórias de ficção científica e fantasia, diz em uma entrevista para a Revista Wired, em uma matéria a respeito de teorias da conspiração: “A ideia principal das minhas pesquisas e argumentos é que nada disso é coincidência.” E diz ainda: “Se Einstein fez algo na Alemanha no mesmo dia em que Charlie Chaplin quebrou o dedo do pé em Hollywood, eu penso, ‘ Ahá! Não foi coincidência!”. Para pessoas criativas, conexões que não fazem o menor sentido podem ganhar um sentido sobrenatural ou conspiracionista facilmente.
Caso queira dar mais credibilidade ao “causo”, cite uma pessoa que trabalha em um órgão importante como: Força Aérea Brasileira, NASA, FBI, Exército, “Governo”, etc… Mais uma vez não revele a identidade da fonte (ou invente um nome) e diga que todo o caso foi ocultado pelo governo com o objetivo de não causar alvoroço e caos na população geral, pois se trata de um “projeto secreto” que os documentos “vazaram”, ou qualquer outro motivo que parecer pertinente. Você só teve acesso a essa informação graças a sua “fonte segura”. Em alguns casos, as pessoas que criam essas teorias, forjam documentos ou utilizam trechos de documentos oficiais tirando completamente do contexto para validar como “evidência”.
Uma das coisas mais comuns nestes casos é o “Apelo à Ignorância”, onde cria-se uma explicação baseada em nada alem da imaginação do criador frente a um “segredo de estado” ou aparição no céu, por exemplo. Um objeto pode até ser realmente avistado no céu (avião, balão meteorólogico, etc…) e por não saberem do que se trata, automaticamente afirmam que se trata de um Disco Voador. Como Dr. Neil deGrasse Tyson, em uma de suas palestras quando questionado se ele acredita em ETS, diz: “Se você não sabe o que é, é aí que sua conversa deveria terminar”. Ele ainda diz que as pessoas ficam desconfortáveis com a ignorância e que por isso preferem aceitar qualquer explicação ao invés de nenhuma.
Uma boa teoria da conspiração sempre apresenta “evidências”, porém sempre vagas ou forjadas, como por exemplo: relatos de um grupo de pessoas, “mistérios inexplicáveis”, comoção da pessoa que relata suplicando para que você acredite, enfim… As possibilidades são infinitas.
Fontes: SAGAN, Carl. O Mundo Assombrado pelos demônios, Revista Wired, Dr. Neil deGrasse Tyson – Youtube