Olá, pessoal. Hoje, gostaria de dissertar um pouco acerca da nossa relação com as outras espécies.
Nos últimos séculos, especialmente em razão da revolução industrial e do sucesso capitalista, a vida vem sofrendo sucessivos “golpes”, um atrás do outro. Nos livros de história, não se fala muito sobre os efeitos das revoluções políticas, ideológicas, econômicas e científicas para a natureza e a vida. Sabemos, entretanto, que, conforme as sociedades humanas avançaram em conforto e desenvolvimento, a biodiversidade diminuiu exponencialmente. Como resolver essa problemática contraditória, então? Antes de supor soluções, vamos refletir um pouco acerca do que nós, sapiens, estamos fazendo com o planeta, com a existência e com nós mesmos.
Durante o século XX, em razão das guerras e do período da Guerra Fria, a tecnologia e o conforto humano avançaram muito. No Brasil, em específico, a qualidade de vida da qual desfrutamos hoje começou a desenvolver-se a partir do período industrial, com a legitimidade do Governo Vargas. Os governos sucessores — em especial o de JK — continuaram com o processo. Com a política-econômica militar, indústrias estrangeiras passaram a ter liberdade de instalação no Brasil, o que ampliou a oferta de produtos modernos como eletrodomésticos, telefones, carros e outras comodidades. Entretanto, enquanto melhorávamos de vida, a vida (a natural) decrescia em ritmo alarmante. Em especial após o desenvolvimento da moderna agricultura, baseada na monocultura de produtos agrícolas e na homogeneização genética de plantas de interesse econômico, os biomas únicos do Brasil, como o Cerrado, começaram a ser devastados. A diversidade, antes em abundância, foi substituída por plantas-clone cujo objetivo principal é alimentar a massa biológica sapiens. Nossos vícios modernos — a saber, açúcar em excesso, carne e gordura em demasia, internet — são sustentados em detrimento da biodiversidade. Também durante o autoritarismo militar, foram abertas estradas no bioma natural amazônico com o intuito asqueroso de integrá-lo à fictícia e insaciável economia humana. (Fictícia porque é uma ficção, analogamente às religiões; e insaciável porque tira da natureza os recursos de sua expansão e crescimento). Em razão desse projeto ganancioso, a acessibilidade de sapiens ambiciosos por dinheiro e conforto na Amazônia tornou-se possível e eles passaram a destruí-la em substituição às suas “mercadorias” (a saber, os bois, “gado”, os quais, antes da domesticação humana, desfrutavam de liberdade e não eram só um componente da indústria de alimentos sapiens). Iniciou-se, assim, a devastação do bioma e da vida nele existente, tudo em função da ambição humana por luxo.
Mostra-se necessário, portanto, conscientizarmo-nos quanto aos efeitos devastadores dos nossos confortos. Por exemplo, a criação de carros e automóveis: todo mundo os têm; não importa se ele (o carro) contribui ao aquecimento global, à poluição, ao câncer pulmonar; o que importa é que, com ele, locomovo-me de modo confortável, sem esforço; pouco me importam as consequências da minha preguiça.
Vendo dessa perspectiva, nós, sapiens, nos assemelhamos muito a um vírus, que penetra na célula hospedeira e tira dela recursos para a sua propagação. Não é exatamente isso que estamos fazendo (7 bilhões de sapiens)? É possível, entretanto, não ser um vírus, ser algo melhor. Isso se dá quando você abre mão dos seus confortos modernos e passa a atuar em prol da conservação da vida. Incito-os, portanto, a fazê-lo.
Ademais, gostaria agora de entrar em um assunto relacionado à “vida privada” de cada um. Bom, eu gostaria de fazer uma pergunta a você, leitor: O que você quer da sua vida? Como vai guiá-la? Tem algum objetivo ou meta (que não seja uma meta egoísta como possuir muito dinheiro, por favor)? Então, como você vai levar a sua vida? Você está aqui somente pelo intuito único e universal de sentir prazeres em baladas, festas e eventos afins? Ou você pensa em fazer algo útil, importante, como trabalhar em prol da preservação da vida ou decifrar os enigmas do Universo, etc? Convido-o a refletir por que está aqui e como está usando a sua saúde, energia, tempo e comodidade (isto é, em prol de que você aproveita todas as comodidades — às custas da natureza — e confortos que possui?)
A resposta à pergunta do título (“Como conciliar o avanço dos confortos humanos com a preservação da vida”), portanto, é a União, isto é, União e conscientização das pessoas para atuar em prol da preservação da vida e das espécies, das quais viemos e das quais somos parentes.