Uma equipe liderada por Lu You, um oncologista do Hospital da China Ocidental da Universidade de Sichuan em Chengdu, planeja injetar células modificadas em pessoas. A ideia é testar a técnica de edição de gene CRISPR-Cas9 em pessoas com câncer de pulmão. O ensaio clínico recebeu aprovação ética do conselho de revisão do hospital em 6 de julho.

A equipe extrairá, do paciente, células-T – células responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos – e utilizar a CRISPR-Cas9 para remover a parte do gene responsável por produzir a proteína PD-1. Essa proteína é responsável por impedir que o corpo ataque outras células que possuam uma certa outra proteína, a PD-L1. Muitas células cancerosas também possuem a PD-L1, o que as impede de serem combatidas por nosso sistema imunológico.

Com o gene responsável pelo PD-1 fora da jogada, as células-T estarão livres para combater células cancerosas. Sendo uma alternativa para os casos em que Radioterapia e a Quimioterapia falharem. Porém, a falta da proteína DP-1 pode levar às células-T a uma resposta autoimune, ou seja, um ataque a células saudáveis do corpo. Na tentativa de evitar grandes danos, o tratamento começará com uma dose bem pequena, gradualmente essa dosagem será aumentada em um único paciente.

Cientistas nos EUA também planejam realizar testes clínicos semelhantes em humanos, mas falta a aprovação da FDA (administração de alimentos e medicamentos) e uma revisão do conselho universitário. Segundo os pesquisadores americanos, eles devem receber plena aprovação para seu ensaio clínico até o final de 2016.

 

Como Funciona a CRISPR-Cas9

Como já ficou claro, CRISPR-Cas9 é técnica que permite que editemos os genes de uma célula. Como em vários outros casos, essa não é uma técnica inventada por nós. Na verdade, se trata de um mecanismo de defesa encontrado em diversas bactérias.

Esse mecanismo é composto de duas partes. A CRISPR mantêm partes de vírus perigosos para poder reconhecer futuros ataques. A segunda parte desse mecanismo é um conjunto de enzimas chamadas Cas, que são capazes de cortar, eliminar trechos do DNA, eliminando vírus invasores. Há várias enzimas Cas, mas a mais conhecida é a Cas9, proveniente da Streptococcus pyogenes.

Dessa forma, se você quiser cortar pedaços de um DNA, basta usar a CRISPR para informar a Cas9 quais pedaços ela precisa cortar. Caso queira consertar um gene defeituoso, basta usar a CRISPR-Cas9 para cortar as partes defeituosas e então injetar uma cópia normal na célula.

Se pensarmos apenas no campo da medicina, são inúmeros os avanços que isso nos traz, pense em quantas doenças causadas por defeitos genéticos poderão ser curadas. Mesmo em enfermidades que não são causadas por um gene defeituoso, uma edição nos genes poderia ser útil no tratamento.

Fontes

Nature

Gizmodo

Digital Trends