Ao longo de nosso estudos de castelos medievais europeus sabemos que estes são formados por mais de uma torre. Então, por que o castelo mais famoso da Inglaterra é chamado de “Torre de Londres”, se sua estrutura é muito maior? Qual foi a importância dessa fortaleza normanda para a formação do reino da Inglaterra? Onde começa a história dessa que talvez seja a fortaleza medieval mais famosa, não só da Inglaterra, mas da Europa Ocidental?
Primeiro, temos que lembrar que a História da Torre de Londres está totalmente ligada à história da própria cidade de Londres e da Inglaterra. Historiadores e arqueólogos encontraram evidências de uma pequena vila celta às margens do rio Tâmisa, alguns anos antes da chega dos romanos à ilha da Grã-Bretanha.
Então, vieram os romanos. A expansão romana para as ilhas britânicas foi como a dominação da Gália. A luta entre celtas nativos e as legiões romanas foram constantes, mas a dominação romana durou aproximadamente 400 anos. Logo no início da dominação, os romanos fundaram um pequeno forte que vigiava o rio Tâmisa. Ao redor desse forte, surgiu a cidadezinha fronteiriça de Londinium.
Foi durante a era romana que a cidade de Londres também veria suas primeiras defesas erguidas com pedra, e não apenas as pequenas paliçadas de madeira e terra dos celtas.
E assim, começa a dominação anglo-saxônica das ilhas britânicas, que se estenderia dos anos 420 até 1066. Esse período viu um certo “retrocesso” no desenvolvimento das construções na cidade de Londres: em vez dos elaborados prédios romanos, agora choupanas e casebres de madeira, palha e terra começam a surgir, e de vez em quando algumas construções de pedra (como capelas e tavernas). Nos tempos do Rei Alfredo (866 d.C.) as defesas romanas da cidade de Lundene (nome saxão de Londres), encontravam-se destruídas e sem manutenção. Por conta das invasões dos escandinavos (conhecidos como os famosos “vikings”), as verbas dos reinos saxônicos (sob ataque desse novo inimigo) iam para pagar exércitos, tributos e para a Igreja Católica. O rei Alfredo até ordenou a reconstrução das defesas de Lundene, mas nada que lembrasse a áurea idade romana.
Então, vieram os Normandos! Estes (vindos, adivinhem, da Normandia, litoral norte da França), foram os últimos a invadirem e dominarem com sucesso a Ilha da Grã-Bretanha. Em 1066, houve a grande Batalha de Hastings, onde o último rei saxão, Harold Godwinson, foi morto. Assim, Willian, O Bastardo, Duque da Normandia, rapidamente vai para Lundene, capital saxã, e a toma para si, iniciando o período Normando da Inglaterra (Ou Período dos Plantagenetas). Nesse momento que vemos os primeiros planos de construção da famosa Torre de Londres (ou também chamada oficialmente de Palácio e Fortaleza de Sua Majestade).
Os trabalhos na fortaleza normanda continuariam durante os séculos, e vários reis fariam sua manutenção e modificações na estrutura. Nos tempos do rei Ricardo Coração de Leão (1189 – 1199) várias modificações nas muralhas de defesa do castelo seriam feitas. Aí temos o porque de o castelo ser chamado de “A Torre de Londres”. Os castelos medievais têm várias linhas de defesa (fossos, armadilhas, muralhas internas e externas), e o último ponto de defesa era a chamado “Torre de Menagem”, a principal construção do castelo, onde se encontravam calabouços, quartos, quartel dos soldados e a armaria. Esta principal torre geralmente ficava no centro do pátio interno da fortificação, também era onde o senhor da região morava, no caso da Torre de Londres, onde o próprio rei morava e defendia sua capital. Obs.: A torre de Londres também é chamada de A Torre Branca, por conta da cor usada nela no período do rei Henrique III e durante a dinastia Tudor.
Mas, o layout clássico do complexo foi alcançado mesmo nos anos 1240, durante o reinado de Henrique III, da dinastia Plantageneta. Foi no reinado desse rei que, não só a fortaleza, mas também o território da Inglaterra aumentou muito, capturando terras francesas e da Irlanda. O castelo da Torre de Londres recebeu novos reforços na estrutura, além de um fosso novo. Historiadores acreditam que todas as modificações na fortaleza feitas tanto por Henrique III quanto por seu filho, Eduardo I, refletiam o desejo desses reis de mostrar sua força à sua nação, por isso os investimentos de defesa em um castelo numa ilha que já não era invadida fazia 300 anos.
Somente durante o reinado dos Tudors, depois da Guerra das Rosas (entre 1455 e 1485), que o esplendor da Torre de Londres atingiria o ápice, tornando-se um símbolo nacional representado em quadros, moedas e documentos oficiais do governo (isso, claro, antes do famoso Big-Ben). Henrique VIII tornaria os calabouços da Torre mais lotados do que nunca, devido aos seus desentendimentos com seus aliados e inclusive com o próprio Papa. Uma perseguição contra os católicos aconteceu por a sua paranoia de que estavam tentando derrubá-lo.
Por muito tempo a Torre de Londres foi o símbolo da Monarquia Inglesa. Porém, nem as grandes construções da realeza estão a salvo das ações do tempo e acidentes. Em 1841, houve um grande incêndio no depósito de munições e armas da Torre, que se espalhou pelo lado norte da Estrutura.
Após esse acidente, toda a estrutura do complexo da fortaleza ganhou manutenção e reestruturação. O fosso seria tampado, criando uma área plana ao redor da fortaleza interna e dos muros internos, onde hoje é um grande jardim da família real inglesa. O castelo sobreviveu as violentas explosões dos bombardeios alemães durante a Segunda Guerra Mundial, e hoje é a casa das Jóias da Coroa Britânica e um museu, aberto ao público.
A Torre de Londres ainda hoje está envolvida em uma aura de mistério, por conta de tantos episódios da História Inglesa terem acontecido nesse local (de casamentos à conspirações e assassinatos). Ela é um grande símbolo da cidade de Londres, ao lado do Big Ben e do “London Eye”.
Fonte:
Linha do Tempo, em desenhos, da região da Torre de Londres
History Channel: The Tower of London