Eu já falei para vocês que uma área que tem ganhado muito interesse ultimamente é a da astrofísica de altas energias.

Essa é uma área que lida com eventos extremos que ocorrem no universo, o que é muito importante, pois além de ajudar a entender cada vez mais os fenômenos existentes no universo, esses eventos podem ser usados para resolver outros mistérios.

Um desses eventos extremos é conhecido como Fast Radio Burst, como o próprio nome já diz, é uma rápida explosão no comprimento de onda de rádio. Quando eu falo rápido é algo extremamente rápido, o pulso dura poucos milissegundos.

Devido à velocidade que o evento ocorre uma das tarefas mais difíceis é identificar de onde ele se origina, e portanto saber o que causa essas explosões.

Mas as vezes a natureza e o universo parecem ajudar os astrônomos. Em 2 de Novembro de 2012 os astrônomos detectaram um eventos desses, uma FRB que ficou conhecida como FRB 121102, porém, esse evento tinha uma repetição, não foi uma explosão única, mas gerou pulsos que se repetiam e puderam ser detectados na Terra.

O rádio telescópio de Arecibo, foi o primeiro instrumento a detectar esse evento.

Depois de Arecibo, o evento foi detectado pelas antenas do VLA no Novo México, essas antenas detectaram 9 explosões de rádio do mesmo evento.

Assim, os astrônomos conseguiram identificar a posição no céu com uma precisão 10 vezes maior do que tinham feito anteriormente.

Com isso, essa posição foi passada para o telescópio Gemini Norte, um dos maiores do mundo com 8 metros de diâmetro, e quando ele foi apontado para a posição descobriu uma galáxia de onde as explosões se originaram.

Usando as medidas de espectro dessa galáxia, os astrônomos determinaram que ela se encontra a cerca de 3 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Isso responde a uma antiga pergunta, já que até então não se tinha certeza de que esses eventos eram originados de fora da nossa galáxia, porém surgem outras questões.

A galáxia de onde o sinal partiu é muito pequena, considerada uma galáxia anã. Como isso seria possível?

Os astrônomos começaram então a trabalhar nas hipóteses.

Essas galáxias possuem um gás muito mais primitivo do que o existente em galáxias como a Via Láctea, isso levaria à formação de uma maior quantidade de estrelas massivas e a origem da FRB pode ser o resultado do colapso de uma dessas estrelas massivas.

Outra hipótese é que a FRB pode ter se originado nas vizinhanças de um buraco negro que está se alimentando do gás ao redor, ou seja, seria um núcleo galáctico ativo.

Só existe uma maneira de descobrir qual hipótese é a correta, continuar estudando a FRB, usando telescópios ópticos de onda de rádio, de raios gamma de raios-X. Por exemplo, se for detectada uma periodicidade no sinal, ele pode se originar de uma estrela em rotação.

Essa descoberta é muito importante, pois os astrônomos agora podem discutir com mais propriedade os outros sinais de FRBs detectadas até o momento, se elas são geradas pelo mesmo fenômeno físico ou por um novo tipo de evento no universo.

Fonte:

http://www.mpifr-bonn.mpg.de/pressreleases/2017/1