As doenças estão presentes no mundo desde antes de nos organizarmos em sociedades, e muitas pandemias e pragas já foram enfrentadas pela humanidade, em diversos momentos históricos diferentes. Mas e agora? O que podemos aprender com o que está acontecendo no momento? Nesse texto vamos procurar responder essas respostas.
Em 2020 começamos a entender a realidade do que seria uma nova pandemia global que assolaria o mundo, e geraria inúmeras mudanças na vida de bilhões de pessoas, que tiveram de alterar seus costumes para se adequar a uma ameaça sanitária. Mas essa realidade não é exclusiva dos nossos tempos, e por isso podemos fazer uma pequena retrospectiva histórica sobre graves momentos sanitários anteriores da nossa história.
Pode-se começar com a famosa Gripe Espanhola. Essa doença matou no mínimo 50 milhões de pessoas, incluindo aproximadamente 35 mil brasileiros, números estimados pois na época não haviam meios específicos de contabilizar as mortes
m número semelhante de mortos foi ocasionado pela peste negra. Essa durou aproximadamente 6 anos e teve sua segunda aparição entre os anos 1347 e 1353. Estima-se que na sua primeira aparição, entre 541 e 544 já havia deixado cerca de 10 mil mortes por dia.
A Varíola foi uma doença causadora de epidemias em épocas e locais diferentes, sendo responsável pela morte de mais pessoas na história, 1/3 da população japonesa entre 735 e 737, e 1/4 da população islandesa entre 1707 e 1709, dois períodos de apenas 2 anos cada.
Ocorreu também a epidemia de Aids que contaminou cerca de 75 milhões de pessoas do ano de 1980 até 2018, causando ao menos 35 milhões de óbitos. Essa enfermidade foi um grande desafio para a ciência, que por muito tempo lutou com maneiras de mitigar as consequências da doença, sendo que sua cura ainda não é conhecida pelos meios modernos de medicina.
Durante a gripe espanhola, peste negra e epidemias de varíola, não tínhamos disponíveis aparatos tecnológicos, a medicina não era avançada e a população não era adequadamente informada, os protocolos de saúde eram precários e, com isso, as mortes ocorriam de forma mais acelerada.
A quarentena surgiu na história para evitar que as doenças se disseminassem, mas também para que a população não precisasse ver a pessoa enferma e presenciar a doença daqueles que estavam padecendo.
Após esse pequeno retorno podemos pensar que 5,41 milhões de pessoas já morreram de Covid-19, e 283 milhões foram contaminadas pelo vírus. conforme os números oficiais , sem contar a subnotificação. Hoje temos tecnologia de ponta nos países desenvolvidos, uma medicina moderna e especializada, novas descobertas pela ciência, e educação mais próxima da população em grande parte do mundo.
Apesar disso, visualizamos autoridades desacreditando a ciência, médicos recomendando tratamentos com nenhuma comprovação científica e pessoas espalhando notícias falsas sobre um vírus tão contagioso. Esse tipo de narrativa, além de muitas vezes ser compartilhada por redes oficiais de governos, foi espalhada de maneira massiva em redes sociais e aplicativos de mensagem, dando a teorias negacionistas e conspiratórias um grande local de difusão.
Assim, qual seria o futuro da humanidade se não fosse a salvação por aqueles que persistem? Pelos médicos, enfermeiros, farmacêuticos? Pelos cientistas, pesquisadores, profissionais capacitados no desenvolvimento de medicamentos e de vacina? O que seriam de nossos pais, avós, tios, tias, amigos, até dos conhecidos, que muitas vezes são expostos pelos que recusam a se vacinar ou que realizam tratamentos ineficazes ou continuam a aglomerar e expor a risco todo seu círculo de pessoas?
A Covid-19 gerou uma pandemia, mas não é a única vilã da história. Vivemos momentos de apostar na sorte, pois mesmo seguindo todos os protocolos ainda temos que torcer para que o vizinho tenha usado álcool gel na maçaneta, que o familiar que compartilha fake news sobre vacina tenha se vacinado escondido, que o colega de trabalho respeite a distância mínima.
E agora ainda temos a dúvida sobre o fim ou a pausa da pandemia, quando o número de mortes tem diminuído no Brasil em comparação com os meses anteriores. O que isso significa? Já está na hora de flexibilizar os cuidados? As dúvidas são muitas e todas as decisões exclusivamente devem ser tomadas com base na ciência e na perseverança dos que permanecem lutando pela vida de todos.
Com base nos últimos dados coletados, surgem novas ondas, novas variantes, e por isso todos temos que fazer a nossa parte para proteger os nossos entes queridos, seguindo todos os protocolos de proteção e não imaginando que a pandemia ficou no passado, ela ainda está aí.