Transformar aplicativos em dinheiro sempre pareceu algo bem fácil para mim. Você vende o aplicativo e ganha o dinheiro. Ou melhor ainda, você dá o aplicativo de graça e vende atualizações dentro dele. Mas enquanto o básico se mantém o mesmo, a alquimia por trás disso mudou significativamente. Como, quando e o tipo de aplicativo comprado vai mudar muito nos próximos anos. E está mudança já começou.
Assinaturas mensais, a salvação
Vamos esclarecer as coisas: as compras no aplicativo, os upgrades pagos e as extensões que enchem a fatura do seu cartão não estão indo para lugar nenhum. Nem as propagandas dentro do aplicativo. “Propagandas e compras no aplicativo são os dois métodos mais comuns para gerar receita”, diz Eric Thompson, analista de dados da App Annie.
E por que eles iriam?
Os aplicativos que mais geraram receita em 2015 foram todos aplicativos que possuem compras no aplicativo como Clash of Clans, Game of War e (sim, ainda) Candy Crush Saga. Mas a categoria de apps com compras no aplicativo foi castigada pela crescente alta de serviços como Sportify e HBO now. “A renda com assinaturas tem gerado crescimentos incríveis”, diz o relatório da App Annie, “graças a alta demanda por aplicativos de vídeo, música e namoro”.
Assinaturas merecem destaque por algumas razões. Primeiro, eles são recorrentes e previsíveis; não existe um senso de gravidade tentando te levar ao próximo nível. Mais interessante ainda é que 2015 foi o ano que as assinaturas finalmente saíram do nicho de streaming de música e vídeo, graças a introdução do Tinder pago. Com a introdução do Tinder Plus em março passado, ele está no Top 5 de aplicativos mais usados em todo o mundo, combinando usuários Android e IOS.
Outros aplicativos de namoro encontraram sucesso similar, apesar de ser em uma escala menor. O mais importante para a “economia dos aplicativos”: poderiam outros aplicativos mudarem para o modelo de assinatura? Resposta curta? Não tenha esperanças.
“Eu acho que existem limitações inerentes ao modelo de assinaturas”, disse John Jackson analista mobile da IDC. “Esse modelo vai continuar restrito a um número reduzido de serviços”, Jackson diz que existem muitas oportunidades dentro de cada nicho, mas a ideia de alguém assinar um aplicativo de calendário e pagar por ele todos os meses parece inverossímil.
Falando nisso, e os jogos?
Pagar para jogar
Que existem mais jogos para celular do que nunca é obvio. Que o sucesso dos jogos vem das mais diversas fontes não é tão obvio, e isso faz com que o futuro dos aplicativos seja ainda mais excitante.
“Embora a lista de aplicativos mais rentáveis tenha se manido relativamente estável em 2015, abaixo da superfície mudanças massivas tem acontecido no mercado de jogos mobiles”, de acordo com o relatorio da App Annie. “O mercado de games está amadurecendo rápido, mas a origem da renda dos jogos ainda é dispersa”.
Uma razão para oportunidades tão amplas? Pessoas mudam de um jogo para outro mais rápido que nunca. App Annie estima que o tempo de maturação de um novo jogo – quanto tempo ele leva entre o lançamento até deixar de existir completamente – caiu 60% entre 2014 e 2015, de aproximadamente 50 semanas para apenas 17 semanas. Não é muito tempo para fazer barulho. Ou é mais uma oportunidade para fazer barulho.
“De um lado pequenos editores podem ter uma grande fatia do mercado”, diz App Annie. “Por outro lado a perspectiva de sucesso a longo prazo com apenas um ou dois jogos continuou a tornar-se menos realista para a maioria dos editores”.
Enquanto está mais difícil do que nunca encontrar o ponto certo do sucesso, curtos períodos de atenção podem ajudar os pequenos editores a, pelo menos, conseguir um pouco de atenção”. Isso também significa que os consumidores podem finalmente querer a parte “premium” do jogo “freemium” ou alguma outra possibilidade.
“Eu acho que aplicativos e jogos ‘freemium’ sempre farão a maior parte do dinheiro”, diz Ryan Cash, co-fundador da Snowman, o estúdio responsável pelo hit do IOS “Alto’s Adventure”. “Por um tempo, as pessoas não entendiam bem essa história de ‘freemium’ e focavam apenas na parte do ‘free’. Mas agora acho que as pessoas entendem que esse ‘free’ não quer dizer que o aplicativo não vá custar algum dinheiro em algum momento”.
Cash vê potencial para o ressurgimento de aplicativos com a possibilidade de pagamento para a versão premium, uma tendência que voltou recentemente quando a Apple lançou a seção “Pay Once & Play” na Apple Store. “A maioria das pessoas ainda não quer pagar por aplicativos ou jogos, mas precisam disso”, diz Cash. “Você só precisa de uma pequena audiência e já pode ter lucro”.
Em uma reviravolta, o ressurgimento da velha forma de fazer as coisas pode ter se transformado na nova esperança de sucesso para os novos apps.