Olá queridos leitores!

Hoje vou escrever sobre o El Niño. Esse famoso menino também foi tema do Spin de Notícias #2071, que gravei mês passado. Venham comigo!

El Niño é um fenômeno climático que ocorre no Oceano Pacífico Equatorial e que está associado a um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Central e Oriental. Esse aquecimento é resultado de uma mudança nos padrões de vento e pressão atmosférica sobre a região.

 

História

O nome “El Niño” tem origem espanhola e significa “o menino” ou “o menino Jesus”. Ele foi assim chamado devido à sua ocorrência normalmente próxima ao período natalino no Peru e em outros países da América do Sul.

A história por trás do nome remonta aos pescadores peruanos que notaram um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico próximo à costa peruana, principalmente em torno do mês de dezembro. Esse aquecimento afeta negativamente a atividade pesqueira, reduzindo a quantidade de peixes disponíveis.

Assim, a nomenclatura local foi amplamente aceita pela comunidade científica e é usada até hoje para descrever esse importante fenômeno climático.

 

Quando temos El Niño?

Consideramos que está ocorrendo El Niño quando as águas do Oceano Pacífico na faixa Equatorial nas regiões Central e Oriental ficam mais quentes (pelo menos 0,5ºC acima da média) por um período de pelo menos 6 meses. O fenômeno não tem um período de duração definido, podendo persistir por mais de um ano. Ele começa a surgir no segundo semestre do ano e não há uma periodicidade bem definida, podendo ocorrer a cada 2 anos ou até a cada 7 anos.

Não podemos falar de El Niño sem mencionar os ventos alísios. Os ventos alísios são ventos constantes que vem do Hemisfério Sul e do Hemisfério Norte e que se encontram na Linha do Equador, soprando de leste para oeste. O movimento desses ventos empurra as águas quentes da superfície do Oceano Pacífico para oeste e permite que a água mais fria fique na superfície na região da costa do Oceano Pacífico na América do Sul.

Sendo assim, em episódios de El Niño, os alísios enfraquecem e as águas na costa do Oceano Pacífico na América do Sul não ficam tão frias, o que atrapalha a disponibilidade de peixes.

 

Impactos no Brasil

No Brasil, o El Niño aumenta o risco de seca nas regiões Norte e Nordeste e aumenta o volume de chuvas na Região Sul. Isso acontece porque ocorre um aumento das chuvas no Pacífico Equatorial Central e Oriental e  altera o que chamamos de célula de Walker. Em outras palavras, o ar que subiu lá no Pacífico Equatorial Central e Oriental desce quente e seco sobre a Região Norte e Nordeste, dificultando a formação de nuvens de chuva nessa área.

Além dessa alteração na circulação leste-oeste (que chamamos de célula de Walker), há também uma alteração no padrão da circulação norte-sul, que é a célula de Hadley. O ar mais seco no norte do Brasil vai funcionar como uma barreira para as frentes frias, de modo que as chuvas associadas à elas ficam mais concentradas na Região Sul e Sudeste. Em outras palavras, as frentes frias não conseguem avançar pelo país e não chegam até o sul da Região Norte, sul da Região Centro-Oeste e sul da Região Nordeste.

Precisamos nos lembrar que estamos vivendo dentro de um cenário real de aquecimento global, o que pode alterar significativamente a intensidade do El Niño. Além disso, existem episódios de El Niño mais fraco ou mais forte e também precisamos considerar outros fenômenos atmosféricos que também são responsáveis pelas chuvas em diferentes lugares.

Portanto, de um modo geral e considerando a média para anos de El Niño, a expectativa para o segundo semestre é que o volume de chuvas seja maior na Região Sul e que ocorra mais secas na Região Norte, norte da Região Centro-Oeste, e Região Nordeste. Devemos ter cuidado com incêndios florestais, que se alastram mais nas condições de seca. A produção de grãos no Brasil poderá ser afetada, além da produção de hortaliças e outros cultivares.

 

Links adicionais

Se você quiser saber mais sobre esses fenômenos, eu escrevi alguns posts lá no meu blog:

E também tem material muito bom no site da NOAA: