Continuando a falar de telescópios e estudar a possibilidade de construir um modelo caseiro, o tema desse texto não é telescópio. Antes de botar a “caixola” pra trabalhar e estudar fórmulas, antes de entender a física por trás do equipamento ou de falar de óptica, de poder separador, dos movimentos da terra e de outras coisas que serão estudadas mais à frente, este texto vai tratar dos acessórios básicos necessários para a utilização de um telescópio.
Oculares
As oculares merecem uma atenção especial (e terão). Falamos um pouco sobre elas no texto anterior, por enquanto vale relembrar que se trata de uma lente ou um conjunto de lentes que aumentam a imagem. A relação de sua distância focal com a distância focal do telescópio, resulta no aumento final que se conseguirá com o equipamento.
Filtros
Pode-se resumir os filtros como “lentes coloridas”. Dependendo da cor dessa lente ela vai filtrar comprimentos de ondas diferentes da luz. Essas lentes podem ser instaladas direto na ocular ou na objetiva do telescópio.
Dependendo do filtro se pode dar mais ênfase em algum planeta, lua, nebulosas, estrelas, evitar a poluição luminosa ou até observar o sol. Vale lembrar que nunca se deve apontar o telescópio para o Sol sem um filtro adequado! Existe um risco real de perda da visão, e mesmo que não olhe pela ocular, pode queimar algum componente óptico e estragar seu telescópio.
Focalizador
Não é difícil de entender, o focalizador é uma base que se conecta as oculares. Uma vez conectadas, ele proporciona um ajuste fino que permite alinhar axialmente o campo focal da ocular com o campo focal da objetiva e focalizando a imagem. Existem desde modelos motorizados até modelos muito simples que consistem simplesmente em conexões de PVC que deslizam axialmente.
Buscadora ou apontadores
Para encontrar alguns objetos, é necessário alguma mira, onde será usado um campo de visão mais amplo, ou algum artifício para a pontar em um determinado ponto, para justificar essa necessidade, podemos refletir sobre a relação entre o ângulo de visão e a capacidade de aumento.
Quanto maior o aumento da imagem, menor será o ângulo do campo de visão. Vamos ilustrar um experimento simples:
- Pegue um rolo de papel ou faça um tubo com a mão.
- Aponte para uma TV de 20”, ou a menor que tiver.
- Se posicione a uma distância que os vértices da TV “tocam” as bordas do tubo.
- Com o mesmo tubo, se posicione na mesma distância de uma TV maior.
Note que a imagem estará maior, porque a tela da TV é maior, mas você não conseguirá ver as bordas dela. Para ver a imagem inteira terá se afastar, por fim, note que o tamanho aparente da imagem será o mesmo que você tinha na TV menor.
Agora, imagine que a TV é do tamanho do Céu e o campo de visão do tamanho da ponta do dedo mindinho, ou menor.
Com o equipamento adequado será possível enxergar objetos aparentemente muito pequenos a olho nu, até invisíveis, e quanto mais aumentar, maior será aquela relação entre o campo de visão e o aumento.
Por isso se utiliza uma mira para apontar o telescópio. Existem diversas possibilidades, para telescópios mais poderosos. O adequado pode ser uma pequena luneta com menor poder de aumento, porém com o campo de visão maior. Já para telescópios menores, existem opções mais simples e até criativas.
Uma possibilidade são os lasers, daqueles de cores de curto comprimento de onda, bem potentes, mas eles podem atrapalhar a aviação e não são recomendados para áreas urbanas, pois nunca se deve apontar para prédios e janelas (bom, o telescópio também não). Ainda assim, é uma das soluções preferidas pelos astrônomos amadores. Se pode fazer um bom suporte caseiro, com madeira, PVC ou impressão 3D e usar com regulagem de parafusos.
Existem as miras mesmo, uma lente simples, com uma marcação em cruz. É possível se fazer em casa uma imitação desse modelo, utilizando um tubo e uma linha cruzando o centro do campo de visão.
Uma opção muito interessante é o chamado “Red dot”, uma lente transparente inclinada e um simples laser vermelho perpendicular ao eixo da visão apontando para o centro da lente.
Colimador
Os telescópios que utilizam espelhos como objetiva, tem no mínimo 3 componentes ópticos. É necessário alinhar todo esse conjunto para que ele funcione corretamente evitando aberrações na imagem. Para isso se utiliza uma espécie de nível a laser que encaixa no lugar da ocular e se faz o ajuste até que o laser aponte para o centro da marcação.
Existe a possibilidade de fazer a colimação com processos mais caseiros, utilizando uma tampa furada no lugar da ocular e alinhando o centro dos espelhos. Obviamente é um processo mais complicado, mas não impossível.
Base
Também comentamos um pouco sobre elas no primeiro texto, não é bem um acessório, na verdade é uma parte tão importante quanto o próprio equipamento óptico. A base, como o próprio nome diz, não só suporta o telescópio, ela defini como o telescópio vai se mover. Esse assunto também terá um texto específico.
Basicamente existem duas montagens: a montagem altazimutal, mais simples; e a equatorial, mais elaborada. Não vamos chover no molhado, sugiro uma olhada no primeiro texto, ali explica um pouco melhor e vamos aguardar o texto específico sobre as montagens.