Quando falamos de furacões, nos referimos aos ciclones tropicais que se desenvolvem no Pacífico Oriental e no Atlântico Norte (embora já tenhamos registrado um no Atlântico Sul, o Furacão Catarina).
Apenas para relembrar: ciclone tropical é um nome técnico, comum ao mundo todo e o que mais aparece na literatura científica. O pessoal do NHC (National Hurricane Center) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) é responsável por monitorar o Atlântico Norte e o Pacífico Oriental e popularmente eles chamam o fenômeno de furacão, que é um nome bem difundido e conhecido. Já os ciclones tropicais que acontecem no Pacífico Ocidental (costa do Japão, China e países próximos) são chamados de tufões. Portanto, ciclone tropical, furacão e tufão são palavras sinônimas!
Como diz nosso título, estamos aqui fazendo um recorte: furacões no Atlântico. E estamos falando da temporada de 2022, que embora ainda não tenha acabado, no momento (13/09/2022) está chamando a atenção por estar meio “parada”, ou seja, com poucos furacões.
Climatologicamente, a atividade ciclônica (que favorece o desenvolvimento de furacões) no Atlântico Norte tem mais intensidade entre 1 de junho e 30 de novembro. É nesse período que o NHC fica mais atento ao que acontece na região, pois é a época do ano em que mais se tem registros de furacões e tempestades tropicais. Tempestade tropical é o nome dado ao estágio anterior do furacão. Nem toda tempestade tropical consegue chegar ao estágio de furacão, mas ainda assim pode causar estragos. O NHC tem a tradicional lista anual de nomes, para facilitar a comunicação. São usados nomes próprios numa sequência alfabética e tempestades tropicais já recebem um nome, mesmo que não se tornem furacões.
No Spin de Notícias #1717, publicado no último 24 de julho, falei por exemplo sobre a tempestade tropical Bonnie. Essa tempestade ganhou notoriedade por ter se formado no Atlântico Norte e ter cruzado a América Central para ressurgir no Pacífico Oriental como Furacão Bonnie (onde caminhou muito). Esse feito é bastante raro, uma vez que quando tempestades tropicais ou furacões atingem o continente perdem a força, já que a fonte de energia é o calor latente da evaporação da água do mar. No entanto, Bonnie conseguiu cruzar um trecho menor de terra na América Central sem perder sua força por completo.
Já pegando o gancho desse Spin de Notícias #1717, vocês talvez devam estar pensando: quantas tempestades tropicais e furacões aconteceram no Atlântico Norte em 2022 desde Bonnie? Talvez alguns dos leitores que tenham o costume de acompanhar notícias meteorológicas notaram que não estamos falando muito sobre furacões em 2022. E não é pra menos: a temporada de furacões de 2022, como disse anteriormente, está meio devagar no momento.
Em agosto não teve nenhuma tempestade tropical ou furacão, zero. Em setembro tivemos a tempestade tropical Colin (que atingiu a Carolina do Norte e a Carolina do Sul), o furacão Danielle que se deslocou para a Europa (algo muito incomum, mas que já ocorreu outras vezes) e por algum tempo as previsões indicavam que poderia atingir Portugal. Depois de Danielle, tivemos a formação do Furacão Earl, que alcançou categoria 2 e atingiu Porto Rico e territórios vizinhos e chegou até Terra Nova, no Canadá. Até o momento as tempestades tropicais e furacões de 2022 provocaram danos materiais mínimos e foram responsáveis por 11 mortes.
Enquanto escrevo esse post (13/09/2022), nenhuma tempestade tropical ou mesmo depressão tropical (estágio anterior ao da tempestade tropical) aparece no mapa do site do NHC para o Atlântico:
No começo de agosto, a NOAA divulgou que ainda espera uma temporada de furacões no Atlântico ativa para 2022. Há algumas razões para essa previsão: a condição de La Niña (que favorece a formação de furacões), uma tendência ao enfraquecimento dos ventos alísios (ventos intensos podem dissipar as depressões tropicais antes de se organizarem em tempestades), uma monção africana bastante ativa (que também favorece convecção e desenvolvimento de tempestades) e temperatura da superfície do mar no Oceano Atlântico um pouco elevadas (temperaturas elevadas significam mais calor latente e mais combustível para os furacões).
Além desses fatores observados que favorecem o desenvolvimento de furacões, de acordo com a climatologia no Atlântico Norte, o pico de ocorrência de tempestades tropicais são os meses de setembro e outubro. Portanto, é importante não baixar a guarda. Se você vive em áreas que são costumeiramente atingidas por furacões, atenção aos alertas transmitidos pelas autoridades da sua região e fique sempre de olho na previsão do tempo!
Fontes
– NHC/NOAA
– NOAA still expects above-normal Atlantic Hurricane Season
– Tropical Cyclone Climatology
– 2022 Atlantic Hurricane Season
– Bacias de formação de ciclones tropicais
– Diferença entre furacão e tornado
– SciCast #384: Furacões e Ciclones