Dando sequencia ao “A Voz do Ouvinte”, lá vai a participação do voz de veludo Lucas BalaDeIogurte Balaminut, comentando sobre nossa viagem na viagem no tempo no crossover com o pessoal do Jogabilidade, se liguem nas quebradas…
Acompanhem abaixo o email dele:
“
Happy New Years SciCasters!
E pra começar o ano de forma frenética e alucinada, os SciCasts vem especialíssimos!
Eu não sou muito chegado em podcasts de video games. Apesar de gostar muito de jogos, eu parei no N64 a uns 10 anos atrás, quando eu fechei Majora’s Mask (orgulho de mim mesmo, deveria por isso no meu curriculum). Mesmo assim, o SciCast com a galera do DASH foi muito divertido.
Musiquinha triste agora, 1 minuto de silêncio pro NowLoading.
Ah saudades… I’ll remember you… ♩ ♫ ♪ ♬ ♩ ♫ ♪
Gostei da idéia de fazer crossovers, quanto mais gente vocês chamam pra participar, mais gente bacana eu conheço. Menção honrosa pro Ronaldo que estava soltinho e trouxe bastante conteúdo pro episódeo. A cada tema video-game-científico mencionado, dava vontade de ter um SciCast só sobre aquele assunto…
cof cof viagem no tempo cof cof
Pela primeira vez, eu venho apontar uma canelada! Antes, alguns disclaimers: eu sou especialista em porra-nenhuma e nunca duvido da minha capacidade de falar merda, mas eu tentei pesquisar pra escrever essa bagaça, e eu acho que vale uma pequena correção sobre a hipótese do multiversu.
Sabe quando você escuta alguém dizendo que um animal “evoluiu” ao longo dos anos porque precisava? Agente sabe que, na verdade, o animal não evolui porque precisa ou porque tem alguma inteção de fazer isso. O animal sofre mutações aleatórias, e algumas acabam sendo benéficas; se são passadas pra frente, a espécie sofre seleção natural. Então, a correção que eu vou fazer é desse tipo. Oque foi dito sobre a hipótese do multiversu não está de todo errado, mas tem um equívoco muito comum, e pra entendê-lo, temos que fazer uma explicação um pouco elaborada.
Então apertem seus cintos, vou emprestar a Nave da Imaginação do Carl Sagan e mergulhar no mundo quântico: AQUI VAMOS NÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓS…
A hipóste do multiverso é uma extensão macróscopica de uma interpretação do princípio da incerteza, da física quântica, que é um fenômeno microscópico.
O príncipio da incerteza se aplica à localização espacial de uma partícula: até o momento em que é medida, a partícula está espalhada no espaço em uma onda de probabilidades; cada ponto dessa onda carrega uma chance diferente de conter a párticula, e quando a mesma é medida, a função de onda que determina sua localização se colapsa e a partícula passa a estar em apenas um ponto.
Por causa do fenômeno da incerteza, as partículas tem a característica de se comportarem hora como párticula, hora como onda, chamada de dualidade da partícula-onda.
Existem diversas interpretações para tentar entender esse fenômeno, uma delas é a hipótese do multiversu. De acordo com esta interpretação, existem infinitos universos naturalmente pré-estabelecidos, um pra cada combinação de possíveis acontecimentos. Em um universo, eu encontro minha párticula no canto esquerdo; em um outro universo, eu encontro essa mesma partícula no canto direito. Existe então um universo pra cada ponto que carrega uma probabilidade dessa párticula ser encontrada.
Alguns físicos extendem a interpretação do multiversu, originalmente um fenômeno microscópico, para a nossa realidade macroscópica do dia à dia. Exemplo da hipótese do multi-verso extendida pro mundo macroscópico:
No universo A: eu visto a camisa azul, e vou pro trabalho logo em seguida.
No universo B: eu visto a camisa azul, e vou pro bar logo em seguida.
No universo C: eu visto a camisa vermelha, e vou pro trabalho logo em seguida.
No universo D: eu visto a camisa vermelha, e vou pro bar logo em seguida.
No universo E: estou semi-nú, como o Guaxinim sempre está nas fotos que posta no twitter, ouvindo podcast em casa.
É aqui que vem a correção (ufa! chegamos onde eu queria): ao tomar uma decisão, eu não crio um universo, como dito no episódeo. De acordo com a hipótese do multiverso extendido pra realidade macroscópica, os universos já existem naturalmente e, ao tomar uma decisão, eu defino que não estou em todos os outros universos onde essa decisão não foi/será tomada.
Seguindo o exemplo:
Ao colocar uma camisa azul, eu defino que não estou nos universos C e D onde visto camisa vermelha, nem no universo onde eu ajo como o Guaxinim (ainda bem né!).
Porém, eu ainda não defini se estou no universo A ou no B, pois ainda não sai de casa; neste caso, eu estou ajindo como uma onda de probabilidade: no futuro, eu tenho 5% de ser encontrado no trabalho e 95% de ser encontrado no bar.
No momento em que eu decidir ir em direção ao trabalho, a minha função de onda vai se colapsar, e eu definirei que, infelizmente, estou no universo A e não no B (aaaah… carinha de decepção).
Usando o famoso exemplo do Gato de Schrödinger, que tem que ter sempre que algúem fala de física quântica: de acordo com a interpretação do multiiverso, ao abrir a caixa, eu não crio um universo onde o gato está vivo e um universo onde o gato está morto; eu apenas defino em quais universos não estamos. Se o gato estiver vivo, eu sei que não estou em todos os universos em que o gato está morto, e vice-versa.
Deixo aqui o link de um painel que aconteceu no World Science Festival de 2014, onde os especialistas na área da física, David Z. Albert, Sean Carroll, Sheldon Goldstein, Ruediger Schack, e moderador Brian Greene, discutem a história da mecânica quântica, teorias atuais no campo, e diferentes interpretações da dualidade partícula-onda, incluindo a hipótese do multi-verso.
https://www.youtube.com/watch?
Espero ter ajudado a derrubar uma desinformação, de fomra construtiva
Como uma onda de probabilidades, vocês conseguem cobrir todos os assuntos possíveis, até video games. Mas como partícula, o episódeo tem sempre 100% de chances de ser bom! Muito obrigado por mais um ótimo SciCast!
Esperando feliz por mais crossovers,
Lucas de Schrödinger, trabalhando e no bar ao mesmo tempo.
”
Valeu Lucas, baja baja conmigooo, baja scicast é amorrrrr….
