Semana passada a imagem que mais circulou foi a de um conversível vermelho com um boneco vestido de astronauta e, ao fundo, o nosso planeta. O multimilionário Elon Musk lançou um Tesla Roadster, um carro elétrico da sua empresa, em órbita do Sol. Esta órbita leva o Tesla próximo a Marte. Isso só foi possível devido ao poderoso foguete Falcon Heavy da SpaceX, que também é do Musk. O objetivo era chamar a atenção para o lançamento de teste do Falcon Heavy.
Carros no Espaço
O Tesla do Musk não foi o primeiro automóvel a ir ao espaço. Entre 1971 e 1972, três automóveis elétricos foram levados até a Lua com o auxílio do foguete mais poderoso já construído pelo ser humano: o Saturno V. Durante as missões Apollo 15, 16 e 17 os LRVs (Lunar Roving Vehicle), conhecidos como Jipes Lunares, se moveram sobre a superfície do nosso satélite e ainda estão por lá. Isso só pra falar nos automóveis que precisam de piloto. Ainda tem os rovers automáticos que exploraram e ainda exploram a Lua e Marte.
Nem a ideia de um carro no espaço é tão original assim. Em 1995 foi ao ar o episódio de Star Trek Voyager intitulado “37’s”, em que a tripulação da espaçonave descobre uma camionete vermelha da Ford modelo 1936 flutuando no espaço interestelar. Como ele chegou lá? Não foi um foguete. Assista ao episódio, quem sabe você não curte a série? Tem no Netflix. Teve até quem pusesse num balão estratosférico uma miniatura de um Ford Mustang (também vermelho, será uma fixação subconsciente?). Logo, o carro no espaço não é o evento de fato. Na verdade foi uma excelente manobra de marketing que colocou o lançamento em todos os meios de comunicação. Objetivo alcançado: milhões de pessoas atentas a um evento espacial.
Foguetes Falcon
Mas o que é realmente é importante nisso tudo é o sucesso do lançamento daquele que é, hoje, o mais potente foguete lançador de satélites e espaçonaves: o Falcon Heavy. Tudo começou com um motor movido a oxigênio líquido e RP1 (um derivado de petróleo muito refinado: semelhante ao querosene de avião). O nome desta família de motores recebeu o nome de Merlin. Este motor equipou uma família de foguetes da SpaceX chamados Falcon (em homenagem a nave Millenium Falcon de Han Solo em Star Wars). O Falcon 1 usava um motor Merlin e, de 2006 a 2008, teve quatro lançamentos mal sucedidos antes do sucesso em 2009. Este foguete foi o protótipo que permitiu construir o Falcon 9 (com nove motores Merlin). O primeiro Falcon 9 foi lançado em 2010 com razoável sucesso. Desde então mais de quarenta Falcon 9 obtiveram sucesso crescente. Alguns destes lançamentos incluíam cápsulas Dragon. Estas cápsulas foram até a ISS levando suprimento e voltando.
É exatamente este o grande diferencial da SpaceX. Não é só a potência dos foguetes nem seus índices de sucesso que fazem toda a diferença. A SpaceX projeta grande parte de seus foguetes e capsulas para serem reutilizáveis. Enquanto os foguetes atuais são descartáveis, os Falcon 9 e as Dragon podem ser utilizados mais de uma vez. Isso diminui muitíssimo o custo de pôr cargas em órbita.
Falcon Heavy
Quando a SpaceX resolveu colocar os três primeiros estágios recuperáveis do Falcon 9 juntos para lançar carga ao espaço foi um passo e tanto. É isso que faz do Falcon Heavy, uma verdadeira revolução diante do quadro atual do mercado espacial. O Falcon Heavy é quase três vezes mais potente que seu dois maiores concorrentes: o Proton M e o Delta IV Heavy. Só o Saturno V ou o Space Shuttle, ambos aposentados, poderiam concorrer em potência e capacidade de reutilização com o Falcon Heavy.
Dê uma olhada neste artigo onde comento sobre o assunto sob outro angulo:
http://www.planetariodorio.com.br/um-conversivel-no-espaco-falcon-heavy/
Comparação do Maiores Lançadores já idealizados.