Apesar da maioria dos games não se preocuparem muito com a realidade (o que não é ruim, até porque mentes criativas não podem ficar barradas por certas coisinhas do nosso dia a dia, como as leis da física ou a matemática), uma parcela usa conceitos científicos e tecnológicos comprovados ou ainda em fase de estudos para pautar suas histórias onde, em um futuro próximo, tal tecnologia poderia ser aplicada, tornando possível a existência daquele universo ou história criada. Algo que a literatura de ficção cientifica já faz a um bom tempo.
Com base nisso vou começar uma série de textos detalhando diversos jogos que se baseiam em conceitos científicos ou tecnológicos para criar suas histórias, e revelando quanto desses conceitos são reais e se possível em que pé estamos para um dia alcançarmos tão tecnologia. Começando com a série Mass Effect e suas viagens espaciais.
A série de games Mass Effect (Bioware/EA) iniciada em 2007, que já conta com 3 games (sem contar as versões mobile), sendo o 4º previsto para 2017, se baseia na premissa de que a humanidade, no ano 2148 em Marte, teve contado com restos de uma civilização antiga capaz de fazer viagens espaciais, tal acontecimento acelerou nosso desenvolvimento tecnológico, permitindo viajarmos distâncias maiores pelo espaço em bem menos tempo. Isso resultou na descoberta de que não estávamos sozinhos no universo, tendo contato com diversas raças alienígenas existentes e até uma política de “boa convivência” entre todas as raças do universo.
Detalhando melhor, ao fazer engenharia reversa dessa tecnologia encontrada, a humanidade foi capaz de realizar viagens em velocidades maiores que a velocidade da luz, estabelecendo colônias em diversos planetas de nossa galáxia. Segundo o game, tal proeza se deve a um material chamado Eezo, que também é conhecido como elemento Zero. Porém antes de falarmos sobre as propriedades desse “elemento” já vamos descartar a viagem espacial em velocidades maiores que a velocidade da luz.
A teoria da relatividade formulada por Einstein, nos deu, entre outras coisas, uma nova visão sobre o tempo. Descobrimos que ele não é absoluto, quanto mais rápido um objeto se move, mais lento o tempo passa para ele. Astronautas que ficam um tempo no espaço tem diferença de milissegundos em relação a quem está na terra. Essa diferença pode ser pequena, mas ela aumenta exponencialmente a medida que nos aproximamos da velocidade da luz (que é de mais ou menos 300.000 km/s), chegando ao ponto do tempo parar para uma pessoa que estivesse viajando na velocidade da luz. Isso é um grande paradoxo. Então segundo nossas leis da física, viajar na velocidade da luz ou mais, é impossível. Portanto vamos partir para uma teoria onde a viagem pelo espaço, instantânea como acontece no game, seria mais plausível.
Vamos embasar nossa teoria no funcionamento do “elemento zero” ou Eezo. Na verdade ele não é um elemento, mesmo sendo classificado na tabela periódica e seu símbolo sendo 0Ez. Segundo essa classificação ele seria um elemento sem nenhum próton ou nêutron, o que é impossível. Vamos tratá-lo então como uma material com propriedades especiais.
Esse material, no universo do game, é muito raro, sendo formando em planetas que estão próximos a estrelas que estão em processo de Supernova, por isso é difícil de se conseguir, já que essas estrelas acabam engolindo os planetas próximos e destruindo o pouco Eezo formado. O Eezo tem uma característica muito especial, ele pode gerar Matéria Escura que pode ser usada para criar campos de Efeito de Massa (entendeu de onde veio o nome do game?). Usando uma corrente positiva o Eezo aumenta a massa de um objeto que esteja no campo do efeito de massa, já uma corrente negativa, faz o objeto perder massa. Nesse ponto o game não deixa muito claro como o Eezo é usado, portando vamos supor que ele é usado de “combustível” para as naves e assim formularemos uma hipótese que explicaria a viagem pelo espaço, a viagem através da velocidade de dobra (warp speed).
No game, só as naves sozinhas não possuem a capacidade de viajar grandes distâncias em pouquíssimo tempo, para tal, são usados os Mass Relays, portais de transmissão que formam uma rede entre si pelos diversos cantos da galáxia. O núcleo de um Mass Relay possui imensas quantidades de Eezo.
Quando uma nave se aproxima de uma Mass Relay, ela ganha a capacidade de viajar em velocidade de dobra. A teoria da viagem em velocidade de dobra se baseia no efeito de distorcer ou dobrar o espaço envolta da nave, aproximando dois pontos que antes estavam anos luz de distância (as naves da série Star Trek usam motores de dobra para viajarem do mesmo jeito). Isso ocorre com o espaço de expandindo na parte de trás da nave enquanto na parte da frente ele se contrai. Com isso quem se move não é a nave e sim o espaço em volta dela (na verdade não é bem isso, mas é um bom jeito de termos uma ideia de como acontece). Importante também falarmos que nesse momento a nave é protegida com uma bolha para que o efeito não se aplique a ela, somente ao espaço.
Atualmente a NASA estuda esse tipo de viagem, porem os 2 grandes problemas ficam em como gerar um campo de força (bolha) que proteja a nave da distorção do espaço e uma fonte de energia capaz de distorcer o espaço. Esses problemas no game, são solucionados pelo Eezo.
Ainda estamos longe de uma viagem espacial na velocidade de dobra, mas quem sabe em um futuro próximo não encontremos um material com propriedades parecidas com as do Eezo que nos fará entrar na era da colonização espacial?
Fico por aqui. E vocês? Gostaram desse tipo de texto aqui no Deviante? Querem mais? Podem dar sugestões de temas para os próximos textos ou até um puxão de orelha se deixei escapar alguma coisa.
Fontes: Mass Effect Wiki, Sopradores de Cartucho e Geekness