Um bioengenheiro e um geneticista, da universidade de Harvard, conseguiram armazenar cerca de 700 Terabytes de dados em apenas um grama de DNA.
700 terabytes de dados, o que equivale a 14.000 discos blu-ray de 50GB, em uma gota de DNA que caberia na ponta do seu dedinho. Para armazenar o mesmo em discos rígidos, seriam necessários 233 HDs de 3TB cada, pesando cerca de 150 quilos!
Como isso é possível? A ideia é bem simples. Em vez de gravar cada 0 e 1 como regiões magnéticas em um disco rígido, podemos utilizar as bases que compõem o código genético (A,T,C,G). Usando cada base como um sinal binário (A e C = 0, T e G = 1), ou até cada base como dois bits (A=00, C=01, T=10, G=11), podemos codificar os dados nesse formato, e em seguida fabricar essa sequência de DNA em laboratório.
Para ler os dados armazenados em fitas de DNA, seria preciso apenas sequenciá-lo, como já é feito para análises genéticas, e em seguida converter novamente para o formato binário. Para agilizar a leitura no início de cada fita é colocado um “endereço” de 19 bases, assim, muitas fitas podem ser sequenciadas paralelamente e depois lidas em ordem.
Faz tempo que cientistas têm considerado o DNA como possível meio de armazenamento, por vários motivos. Dentre os principais, estão sua densidade de informações – podemos armazenar um bit por base e cada base consiste em apenas alguns átomos -; e sua estabilidade – enquanto alguns dos mais avançados meios de armazenamento precisam ser mantidos em vácuos e temperaturas baixíssimas, um fio de DNA pode sobreviver por centenas de milhares de anos em uma caixa na sua garagem.
Afinal, o código genético não é justamente isso? A forma de armazenar informações que a natureza encontrou, há bilhões de anos. Tudo o que cada um de nós, seres vivos, é, cada detalhe do nosso funcionamento está programado nessas “letras”. E agora que a síntese de DNA se tornou viável, podemos finalmente utilizar dessa capacidade para nossos próprios dados.
Hoje em dia, é apenas uma fantasia cobrir a Terra de câmeras, sensores, microfones, e gravar tudo o que acontece, 24h por dia, para as gerações futuras. Mas sabemos que simplesmente não temos a capacidade de armazenamento para tantos dados. Porém, com esse método, seria possível ter todos os livros ou vídeos de gatinhos já publicados em apenas algumas centenas de quilos de DNA.
A leitura e síntese de DNA ainda são processos que podem levar algumas horas, assim, por enquanto, essa tecnologia seria interessante apenas para dados que precisem ser armazenados por muito tempo, e sem necessidade de leitura constante. Mas com o avanço da tecnologia de sequenciamento, isso pode ser bem mais rápido em breve.
Fonte: Extreme Tech