Considerado o mal do século XXI, o câncer é a doença que mais cresce no mundo. Vários são os problemas, dentre eles: seu tratamento é caro e muitos são os fatores que podem ser agentes causadores dessa doença. Por isso, descobrir maneiras que possam tratar esse mal é fundamental para o bem estar da humanidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS – foram 32 milhões de casos de câncer somente em 2017, dos quais 8,8 milhões de pessoas morrem todo ano da doença, sendo os mais comuns o câncer de pulmão e estômago.
A boa notícia é que uma série de novas descobertas sobre o câncer pode dar uma luz sobre como tratar esse mal e, quem sabe, até mesmo achar a cura, se não de todos, pelo menos de alguns tipos.
Vejamos, então, cinco linhas de pesquisas que estão a pleno vapor nesse exato momento.
1 – As bactérias podem matar células cancerígenas
As bactérias já foram consideradas a causa de todos os tipos de câncer. Isso em um tempo em que a microbiologia ainda dava seus primeiros passos. É bem verdade que algumas doenças causadas por bactérias podem até evoluir para um câncer, mas os pesquisadores da Rush University aprenderam que esses pequenos seres unicelulares também podem ter benefícios para a saúde, incluindo propriedades de combate ao câncer.
As bactérias funcionam afetando a forma como as células cancerígenas morrem. Normalmente, uma célula moribunda envia sinais aos seus vizinhos, essencialmente informando que há uma célula que precisa ser substituída. Os pesquisadores descobriram que uma toxina da bactéria Pseudomonas aeruginosa pode interromper esses sinais. Então as células que morrem não serão imediatamente substituídas. Embora a pesquisa esteja ainda no início, ela poderá complementar outros tratamentos contra o câncer.
2 – Certos alimentos podem bloquear a nutrição de células cancerígenas
A alimentação como remédio não é um conceito novo, o uso de alimentos em medicina alternativa remonta há milhares de anos, mas as pesquisas em saúde mostram que estamos aprendendo mais do que nunca sobre isso. O caso em questão: uma nova pesquisa realizada na Universidade do Texas, Austin, que descobriu que alguns tipos de alimentos podem “matar de fome” as células cancerígenas.
Eles descobriram que o ácido ursólico, um composto encontrado em maçãs, uvas e açafrão, ajudou a bloquear as células cancerosas da próstata de conseguirem os nutrientes de que precisam para crescer. Sem nutrição adequada, as células diminuem e morrem. Embora esta pesquisa ainda esteja no início do desenvolvimento, os pesquisadores testaram sua eficácia em animais, e ela pode eventualmente levar ao desenvolvimento de novos medicamentos.
3 – Relação entre vasos sanguíneos e crescimento do câncer
Sabemos há décadas que o desenvolvimento de vasos sanguíneos, um processo chamado angiogênese, é essencial para o crescimento tumoral. Uma vez que o tumor atinge um certo tamanho, ele precisa cultivar seus próprios vasos sanguíneos para fornecer nutrientes e oxigênio às células cancerígenas.
O que não sabíamos até recentemente, porém, é que as células dos vasos sanguíneos podem se transformar em tumores. Pesquisadores do Colégio Médico da Georgia, da Universidade de Augusta, descobriram que os pericitos, um tipo especial de célula que ajuda a formar o revestimento externo de seus vasos sanguíneos, podem ser altamente cancerosos quando sofrem mutação. As próprias células dos vasos sanguíneos podem começar a formar um tumor, iniciar o processo de angiogênese, o que, por sua vez, estimula mais crescimento tumoral levando ao processo de metástase.
Uma melhor compreensão deste processo pode ajudar os pesquisadores a desenvolver medicamentos para o seu alvo, levando potencialmente a novas terapias para um câncer agressivo.
4 – Colonoscopias menos invasivas através da tecnologia
Se um dia você tiver que fazer uma colonoscopia, você vai ver que até o mais leve dos procedimentos em seu cólon, que é uma parte do seu intestino, é uma ação bastante desconfortável e invasiva.
Os médicos do Loyola University Health System, em Chicago, estão desenvolvendo opções menos invasivas usando uma microcâmera em um fio de fibra óptica, chamada PillCam ™ Colon 2.0. Apesar no nome não muito familiar para nós brasileiros, o procedimento consiste em câmeras que gravam imagens através de um fio enquanto viajam através do trato digestivo do paciente, permitindo que os médicos possam diagnosticar câncer com mais facilidade.
5 – Células cancerígenas podem mudar o próprio DNA para crescer mais rápido
As mutações genéticas sempre fizeram parte do desenvolvimento do câncer, alguns genes que combatem o câncer, como a p53, são perdidos ou modificados em até metade dos casos da doença. Mas uma pesquisa recente está desvendando maneiras surpreendentes pelas quais as células cancerígenas mudam seu DNA para crescer de forma mais eficiente.
Por exemplo, uma nova pesquisa do Instituto Stowers para Pesquisa Médica descobriu que as células cancerosas “simplificam” seu DNA, excluindo grandes seções de material genético chamado DNA ribossômico. Enquanto a exclusão do DNA pode significar que as células se dividem mais rapidamente, elas também as tornam mais instáveis.
Os pesquisadores descobriram que as células que faltam mais DNA ribossômico foram menos capazes de se recuperar após o dano no material genético. Isso porque tanto a radiação quanto algumas quimioterapias funcionam danificando o DNA. Essa descoberta pode ajudar cientistas a encontrar casos de câncer que respondam particularmente bem a esses tratamentos.
Apesar do aumento contínuo dos casos de câncer em todo mundo, esses novos tratamentos surgem como uma esperança, não só como um prologamento da vida, mas também para um cenário de cura. Como resultados dessas pesquisas teremos mais instrumentos para enfrentarmos esse problema. Além disso, estaremos cada vez mais, num sentido biológico, nos conhecendo melhor.
Fontes: Planeta Biologia, Science Daily
Daniel Pereira. Biólogo, faz especialização em ensino de ciências e matemática. Ama ensinar e aprender. Desde pequeno sua mãe dizia que ele era feito de açúcar, mas depois descobriu que também é feito de proteínas, lipídeos. nucleotídeos e sais minerais. Tudo misturado com água.