Ao longo da História Humana, vemos locais e regiões que ganham status de “mito”, de “lenda”, geralmente ligados à guerras. Durante as Cruzadas, as campanhas militares-religiosas entre o Ocidente Cristão e o Oriente Islâmico, essa característica não é diferente. E assim temos o famoso castelo Krak des Chevaliers, localizado perto da fronteira entre Líbano e Síria, ou seja no “meio” da antiga “Terra Santa” onde abençoados cruzados cristãos e os guerreiros sagrados do Islã se confrontaram.
Primeiro, comecemos pelo nome: Krak des Chevaliers. Podemos ver que houve uma mistura de dialetos aqui. “Krak”, ou “Karak” é a palavra árabe para “castelo”, “fortificação”, mais especificamente as construções militares dos tempos das cruzadas; e “des Chevaliers” vem do francês “dos Cavaleiros”.
Essa fortificação, porém, nem sempre recebeu esse nome. Ela era chamada de “O Castelo dos Curdos”, mas no século XI, durante a Primeira Cruzada (1095 – 1099), ela foi conquistada por Raimundo IV de Tolosa, um nobre francês que, durante a Primeira Cruzada, fundou seu próprio feudo cristão no Oriente, o Condado de Trípoli (onde hoje seria o Líbano e algumas partes da Síria).
Em 1142 a fortificação foi cedida à Ordem dos Cavaleiros do Hospital de São João de Jerusalém (Também conhecidos como Hospitalários), que a transformaram em seu quartel-general. Porém, o castelo que os Hospitalários ganharam do Conde de Trípoli, Raimundo II, não era o mesmo que este que vemos nas fotos. A reconstrução e renovação da fortificação dos curdos começou já em 1142 e terminaria em 1170. Um terremoto em 1202 fez grandes estragos, obrigando novamente os hospitalários a fazerem uma grande reconstrução, que originou o castelo que vemos hoje em dia, localizado a 65km da cidade síria de Homs.
Mesmo antes das primeiras reconstruções, o castelo era uma fortificação incrível. Resistiu à dois cercos, um em 1163, feito pelo Sutão Turco Seujúcida Nur Al-Din e outro, em 1188, feito pelo próprio Saladino, o grande libertador árabe.
Porém, nenhum castelo é inespugnável, tanto que em 1271, quando os reinos latinos na Terra Santa já tinham sido sistematicamente dominados e derrotados, o castelo finalmente foi derrotado, pelo sultão egípcio Baibars.
O castelo permaneceu em mãos dos mamelucos egípcios e depois nas mãos dos turcos otomanos até o fim da Primeira Guerra Mundial, quando houve o esfacelamento do Império Otomano e a Síria e Líbano viraram protetorados franceses.
Em 2006, a ONU decretou que Krak des Chevaliers seria um Patrimônio Mundial Histórico da Humanidade, sendo mantido em boas condições pelo governo sírio.
Porém, como infelizmente sabemos, em 2013 iniciou-se a guerra civil na Síria, e infelizmente o castelo que sobreviveu por quase oito séculos está sendo alvo de ataques, principalmente porque a cidade de Homs é uma base para os rebeldes sírios que lutam contra o ditador Bashar Al-Assad.
Infelizmente ainda não se sabe as extensões dos estragos das explosões mas esperemos que o lendário Krak des Chevaliers sobreviva ainda mais essa guerra, que sacode o Oriente Próximo.
Fontes: